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ASMR do Perseverance: relaxe com sons do vento em Marte e de raios laser

Desde seu pouso histórico em fevereiro, o rover Perseverance também tem enviado fotos e vídeos de Marte - Divulgação/Nasa
Desde seu pouso histórico em fevereiro, o rover Perseverance também tem enviado fotos e vídeos de Marte Imagem: Divulgação/Nasa

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

13/03/2021 04h00

Os primeiros áudios de alta qualidade que o rover Perseverance gravou em Marte foram divulgados pela Nasa nesta semana. São sons estranhamente relaxantes, de raios laser pulverizando rochas e do vento na superfície do planeta.

O objetivo não é apenas nos presentear com ASMR alienígena (técnica que usa sons para relaxar e produzir sensações agradáveis). O laser, que soa como uma série de cliques, ajuda os cientistas a analisar a composição do planeta vermelho.

Nesta gravação, o experimento foi realizado na rocha chamada "Máaz" ("Marte" na língua navaja), que os cientistas concluíram ser basáltica, com muito magnésio e ferro.

Tanto a gravação dos áudios quanto o disparo dos raios foram obra do moderno instrumento SuperCam que, além de capturar imagens em altíssima definição como o nome sugere, é equipado com um microfone super sensível, laser e sensores. É o bloco, do tamanho de uma caixa de sapatos, que parece a "cabeça" do robô.

A uma distância de até sete metros do alvo, o Perseverance dispara o laser e, na sequência, utiliza a câmera e o espectrômetro para analisar o gás que a rocha produz ao ser vaporizada. O som emitido oferece informações adicionais a respeito das propriedades do material, como a rigidez ou porosidade.

Já a gravação do vento faz parte das pesquisas a respeito da atmosfera e do clima marciano.

Desde seu pouso histórico no mês passado, o Perseverance tem enviado diversas fotos, vídeos e áudios, diretamente de Marte. As imagens, apesar de em qualidade nunca antes vista, não são exatamente novidade. Mas é a primeira vez que um rover usa um microfone no planeta vermelho.

A SuperCam foi desenvolvida com o trabalho de um brasileiro, o engenheiro Ivair Gontijo, de Minas Gerais.

O principal objetivo do instrumento é localizar tipos de solo e rochas com texturas e compostos químicos que remontem à existência de água no planeta há muito tempo — já sabemos que água é a chave para a vida.

Pensando nos futuros astronautas e em uma possível colonização de Marte, também estão sendo estudados os elementos da poeira que recobre o planeta, que poderiam ser tóxicos ou prejudiciais aos seres humanos.

O Perseverance, da missão Mars 2020 da Nasa, pousou em Marte no dia 18 de fevereiro, dentro da cratera Jezero ("lago" em idiomas eslavos). Com 40km de diâmetro e 500m de profundidade, acredita-se que o local foi um lago há mais de três bilhões de anos. Se já existiu vida no planeta vermelho, mesmo que apenas atividade microbiana, lá estão as maiores chances de evidências.

O robô-jipinho deve realizar seus experimentos lá por, pelo menos, 687 dias terrestres (um ano marciano).