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Como e por que algumas pessoas conseguem ouvir vozes de mortos?

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Imagem: Getty Images

Constância García

Colaboração para Tilt

21/02/2021 04h00Atualizada em 21/02/2021 13h12

Um estudo da Universidade de Durham, na Inglaterra, trouxe novos dados que podem ajudar a compreender como e por que algumas pessoas conseguem ouvir vozes de pessoas que já morreram. Os pesquisadores descobriram que a habilidade está relacionada à capacidade de imersão e absorção em atividades mentais. E isso pode acontecer durante o início da vida.

O estudo, publicado na revista científica Mental Health, Religion and Culture (Saúde mental, religião e cultura), analisou as experiências de 65 médiuns clariaudientes (aqueles que têm a habilidade de ouvir vozes de mortos) da União Nacional dos Espiritualistas da Inglaterra e 143 membros da população em geral, de acordo com informações do site Eureka Alert.

A pesquisa observou que os participantes espiritualistas (adeptos de uma corrente religiosa e filosófica mais ampla que a do espiritismo) possuem maior tendência para a absorção (um traço vinculado à capacidade de mergulhar na experiência ou no pensamento) em atividades mentais, imaginativas ou a experimentar estados alterados de consciência. Alguns fenômenos auditivos incomuns, como ouvir vozes, apareceram quando eles tinham uma média de idade de 21,7 anos. Desse grupo, 18% dos entrevistados relataram ter tido experiências clariaudientes "desde que puderam se lembrar."

Para os pesquisadores, algumas pessoas têm uma predisposição mais aguçada para essas experiências auditivas desde o início da vida e, desta forma, encontram nas religiões que acreditam em espíritos uma maneira de completar seus anseios pessoais, o que contribui para que elas se joguem de cabeça no desenvolvimento da habilidade de ouvir mortos.

De acordo com o estudo, 44,6% dos entrevistados espiritualistas relatam ouvir vozes de falecidos diariamente e 31% dos entrevistados admitem que, embora ouçam essas vozes na própria cabeça (65,1% dos participantes espiritualistas), em alguns momentos, essa participação espiritual acontece fora da mente.

Já entre os participantes que não se consideram médiuns, a capacidade de absorção das pessoas que dizem ouvir os mortos foi associada a níveis de crença no paranormal. Não houve ligação significativa dessa crença com tendências à alucinação.

"Nossas descobertas dizem muito sobre 'aprendizado e anseio'. Para nossos participantes, os princípios do espiritualismo parecem dar sentido a experiências da infância, bem como os fenômenos auditivos frequentes que eles experimentam como médiuns praticantes", afirmou Dr. Adam Powell, o pesquisador principal do estudo, que foi realizado a partir de um questionário online onde responderam sobre tempo, a natureza e a frequência de suas comunicações espirituais auditivas.

A ideia agora é ampliar as investigações sobre clariaudiência e mediunidade para ter mais dados aprofundados sobre essas experiências incomuns.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que dizia uma versão anterior deste texto em diversos trechos, o estudo em questão foi feito com espiritualistas (adeptos do espiritualismo), e não com espíritas. O erro foi corrigido.