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Veja o momento em que a sonda chinesa Tianwen-1 entrou na órbita de Marte

Nave da China Tianwen-1 - Reprodução/CNSA
Nave da China Tianwen-1 Imagem: Reprodução/CNSA

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

13/02/2021 10h13

A China acaba de divulgar os primeiros vídeos da missão Tianwen-1: a entrada da sonda na órbita de Marte. O momento aconteceu nesta quarta-feira (10), quase sete meses após ela ter partido da Terra, em julho de 2020.

As incríveis imagens, captadas por duas câmeras de monitoramento da estrutura, mostram a nave não tripulada sendo puxada pelo campo de gravidade do planeta, depois de acionar os motores para desacelerar e se posicionar. É possível ver algumas crateras da superfície marciana.

Sonda chinesa Tianwen-1 entra na órbita de Marte

Era um dos momentos mais tensos da missão, pois tudo foi feito de forma autônoma. Devido à enorme distância entre os planetas, há um delay nas comunicações com a Terra - qualquer comando de emergência que precisasse ser enviado, poderia ser tarde demais.

Os vídeos foram divulgados inicialmente no WeChat, pela CNSA, a agência espacial da China, em comemoração ao Ano Novo Lunar, que marcou o início do ano chinês do boi.

O procedimento foi um sucesso. Agora, duas sondas orbitam o planeta vermelho: a Tianwen-1 e a Hope, dos Emirados Árabes, que havia chegado no dia anterior. Na semana que vem, se junta a elas a Perseverance, da Nasa.

O próximo momento mais aguardado da missão chinesa é o pouso em Marte, previsto para acontecer até maio. A Tianwen-1 chegou mais longe do que qualquer nave chinesa já foi.

Pouso em Marte

A Tianwen-1, nome que significa algo como "perguntas celestiais", é a primeira missão interplanetária totalmente chinesa. Ela deve retornar à Terra até 2030.

A nave de cinco toneladas é composta por um orbitador (que ficará girando em torno do planeta), um rover (robô sobre rodas para análises de solo) e um módulo para pouso. O primeiro vai captar imagens de alta definição - a primeira foi enviada à Terra na semana passada - e escanear o local de pouso.

O rover de aproximadamente 250 kg, movido a energia solar, pretende explorar uma região chamada Utopia Planitia, uma enorme cratera de impacto, com diâmetro aproximado em 3300 km, causada por algum asteroide. É o mesmo local onde a sonda Viking 2, da Nasa, pousou em 1976.

O orbitador carrega sete atributos científicos, incluindo câmeras de alta resolução, um magnetômetro (instrumento que mede campos magnéticos), um radar e instrumentos para detecções atmosféricas e ionosféricas. Ele é projetado para operar por um ano marciano (687 dias terrestres).

Já o rover foi feito para atuar 90 dias em Marte — mas pode durar mais. Leva seis instrumentos, incluindo um sistema de espectroscopia a laser (para detectar elementos de superfície, minerais e tipos de rochas), leitores de imagens topográficas e multiespectrais, de campo magnético e de clima.

O robô também é equipado com um radar para penetração no solo —algo que nunca foi colocado em Marte. A missão tem o potencial de trazer novas informações sobre o planeta, como detectar camadas geológicas, depósitos de sal, evidências de gelo e de um suposto lago subterrâneo, além de encontrar possível atividade biológica microbiana.

O módulo de aterrissagem usa um sistema de paraquedas supersônicos e retropropulsores. Essas tecnologias já foram testadas nas missões chinesas Chang'e-3 e -4 para a Lua, em 2013 e 2019. O pouso autônomo é um dos maiores desafios de uma missão deste tipo.