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Papai Noel online? Soluções digitais mantêm tradição natalina na pandemia

Sisoje/Getty Images
Imagem: Sisoje/Getty Images

Tainara Rebelo

Colaboração para Tilt

06/12/2020 04h00

Sem tempo, irmão

  • Crianças tem feito videoconferência com Papai Noel em shopping
  • Sem contato físico, a "caça ao Papai Noel" por QR Code foi criada
  • Até as cartinhas de Natal não vão mais fisicamente para os Correios
  • Pais e responsáveis estão fazendo o upload dela no site da empresa
  • Quem inova afirma que a pandemia não vai acabar com o Natal

Sobrou até para o Papai Noel ter que se adaptar ao "novo normal" imposto pelo coronavírus esse ano. Sem poder atender crianças por questões de segurança, o bom velhinho que aparece em lojas e shopping centers têm usado a tecnologia como alternativa para salvar o Natal dos pequenos. Até a tradicional entrega de cartinhas natalinas aos Correios ganhou uma nova roupagem e passou a ser 100% digital por causa da pandemia.

As mudanças forçaram trabalhadores a aprender novas formas de executar tarefas e a repensar o que vinha sendo feito todos os anos, desde sempre. A saída encontrada pela direção do Shopping Bosque dos Ipês, em Campo Grande (MS), por exemplo, foi levar o encontro das crianças com o Papai Noel para o ambiente virtual.

Se antes ele chegava de helicóptero e distribuía abraços, agora tudo é feito por videoconferência em uma tenda montada dentro do shopping center. Como as conversas com o Papai Noel têm horários marcados, para evitar aglomeração, o estabelecimento tem pedido aos pais que chequem os horários de atendimento nas suas redes sociais.

A jornalista Barbara Vitoriano e o marido levaram suas filhas para verem o Papai Noel do shopping e contam que se surpreenderam positivamente, apesar das circunstâncias.

"Foi muito interessante, porque pensamos que seria um vídeo gravado, mas não. Quando entramos e vimos que era em tempo real, eu até fiquei emocionada", conta.

Barbara Vitoriano e o marido levaram suas filhas para verem com o Papai Noel - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Barbara Vitoriano e o marido levaram suas filhas para verem com o Papai Noel
Imagem: Arquivo pessoal

Outra solução encontrada pelos shoppings foi tirar de vez o Papai Noel de carne e osso e colocar um virtual no lugar, promovendo uma "caça ao Papai Noel".

Para entrar na brincadeira, é preciso encontrar e escanear o QR code localizado em pontos estratégicos espalhados pelos diferentes ambientes do centro comercial.

No Shopping Ponta Negra, em Manaus (AM), os códigos estão em banners, e no West Plaza, em São Paulo, no chão dos corredores. Ao escanear o QR code e receber o código, uma animação 3D começa automaticamente na tela do celular, dando a sensação de que o personagem está bem à frente do "caçador". Também dá para tirar uma selfie para guardar de recordação.

A internet substituiu o carteiro

O home office do Papai Noel dos Correios no Rio de Janeiro - Divulgação - Divulgação
O home office do Papai Noel dos Correios no Rio de Janeiro
Imagem: Divulgação

Até o tradicional Papai Noel dos Correios precisou se reinventar para continuar trazendo a magia do Natal para as crianças. Pela primeira vez, em 30 anos de campanha, adotar uma cartinha só vai ser possível digitalmente. Ou seja, se antes as pessoas iam à Central dos Correios escolher uma carta para presentear, agora essa escolha passa a ser feita no site da empresa pública.

Funciona assim: a criança vai escrever a cartinha dela normalmente, mas em vez de mandá-la fisicamente para os Correios, os pais ou responsáveis vão precisar tirar uma foto dela, entrar no Blog do Correios e para fazer o upload da imagem.

Toda criança com até dez anos de idade pode participar— não há limites de idade para crianças com algum tipo de deficiência. A campanha também prioriza a participação de alunos da educação infantil (creche e pré-escola) e ensino fundamental até o 5º ano de escolas públicas. Para eles, também não há critérios relacionados à idade.

Quem quiser adotar a carta vai precisar se cadastrar no blog do Papai Noel dos Correios. O sistema disponibilizará cartinhas com base na localidade informada e oferecerá sugestões de locais para entrega dos presentes. Cada padrinho ou madrinha pode adotar até 25 pedidos.

O coronavírus sumiu com a magia do Natal?

A incerteza se o público aderiria a esse Natal tecnológico, por causa da pandemia, deixou os empresários e artistas apreensivos.

Max Oliveira, diretor artístico da Despertar Produções, empresa responsável pela ação natalina no Shopping Ponta Negra, conta que por causa do coronavírus a empresa lançou, ainda em julho, uma campanha de comunicação em vídeo para informar ao clientes do centro comercial que haveria Natal com ou sem coronavírus.

"[No vídeo do anúncio] três duendes faziam uma videoconferência para discutir o que seria do Natal. Desesperados, eles já quase desistiam, quando o próprio Papai Noel entra na chamada para acalmar a todos e certificar que sim, o Natal aconteceria", descreve Oliveira.

Ele conta que o vídeo foi "super bem aceito" pelos clientes e parceiros e isso deu um gás para que o shopping center desenvolvesse um Natal tecnológico.

Já faz 25 anos que Silvio Degaspari se veste de Papai Noel para nutrir os sonhos e esperanças das crianças que visitam o Shopping Bosque dos Ipês nessa época do ano. Esse ano, mesmo trocando o contato físico pela videoconferência, ele conta que se mantém firme no propósito.

"Sinto muita falta de abraçar as crianças e vê-las de pertinho, mas quando realizamos nossa função com o coração, damos um jeitinho e seguimos as mudanças", diz a Tilt.

Max Oliveira também vê uma lição a ser tirada nesse Natal pandêmico. "Será o Natal de reconhecer o valor da presença, do amor recebido, do sorriso entre muitos outros detalhes que banalizamos com a vida normal. 2020 já é mágico por si só e chegar ao Natal como 'sobreviventes', em vários aspectos, é a confirmação de que somos fortes e abençoados", finaliza.