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Distopia? Militares do Reino Unido desenvolvem drone com espingarda

Felipe Oliveira

Colaboração para Tilt

05/10/2020 17h01

Os militares do Reino Unido desenvolveram um drone equipado com uma espingarda que será utilizado em combates urbanos. A aeronave foi batizada de i9 e pode navegar em ambientes fechados, localizar e identificar alvos utilizando inteligência artificial e abrir fogo, segundo informações publicadas pelo The Times.

Claro que, como toda aeronave não tripulada, a decisão de atirar ou não em um alvo partirá de um operador humano. O drone tem como objetivo atuar como uma arma de invasão, com capacidade para sobrevoar em uma pequena sala ou casa ocupada por tropas inimigas e neutralizá-las.

Segundo o site Popular Mechanics, as operações de invasão são avaliadas como as mais perigosas em uma guerra terrestre. Isso porque normalmente uma tropa terrestre deve conseguir arrombar uma porta e correr para dentro para surpreender um inimigo, que pode até estar a postos para o combate.

Assim, normalmente, as baixas nesse tipo de operação costumam ser muito altas, principalmente entre os primeiros soldados a passarem pela porta. É exatamente aqui que o i9 será utilizado.

Com o novo drone, as tropas britânicas poderiam quebrar a porta de entrada utilizando uma bomba ou uma carga de demolição e invadir o local com o drone. Ao sobrevoar os inimigos, o operador da aeronave poderia identificar se os alvos são hostis e autorizar, ou não, que o drone abra fogo.

Segundo o The Times, o i9 é um hexacóptero, ou seja, utiliza um total de seis lâminas rotativas para conseguir a elevação. Uma das novidades desse drone é que os designers eliminaram a "sucção de parede", o que normalmente derruba esse tipo de aeronave com cargas úteis pesadas devido à maneira como o ar se desloca quando uma parede cai em áreas fechadas.

"Visão de máquina"

Um dos aspectos que chamam atenção no i9 é que ele utiliza a chamada "visão de máquina" para identificar os alvos - ou seja, o drone selecionará automaticamente os combatentes inimigos assim que aparecerem no campo de visão da câmera. Isso facilita o trabalho do operador, que não precisaria selecionar os soldados manualmente.

De acordo com o Popular Mechanics, o processo é semelhante ao utilizado por um carro autônomo para identificar sinais de trânsito ou obstáculos, registrando os objetos e decidindo o que fazer.

O i9 também poderia ser utilizado pelas tropas britânicas para derrubar drones inimigos do céu de forma autônoma, algo que facilitaria bastante o trabalho dos humanos. Isso porque, normalmente, as aeronaves não tripuladas utilizadas em um campo de batalha são mais rápidas do que um ser humano pode acompanhar.

Drone americano

O i9 não é o primeiro drone desenvolvido pelas forças armadas para combates. Em 2017, a fabricante de drones AeroVironment revelou uma aeronave de quatro rotores voltada à vigilância que pode ser lançada da palma da mão e carregado em uma pequena bolsa.

O pequeno tamanho e a simplicidade de operação permitem que seja utilizado por soldados, oferecendo a esquadrões e outras unidades militares menores o tipo de capacidade de vigilância antes reservada para grandes equipes militares, onde drones são operados por especialistas.

A AeroVironment informou que entregou 20 das aeronaves espiãs não tripuladas de 140 gramas ao seu primeiro cliente do governo dos Estados Unidos em abril daquele ano.

Os americanos também teriam utilizado um drone no ataque que matou o general Qasem Soleimani, comandante da Força Quds, unidade especial dos Guardiões da Revolução Islâmica, do Irã. A aeronave da missão, segundo a imprensa americana, foi o MQ-9 Reaper.

A aeronave tem 20 metros de envergadura e 11 metros de comprimento e pesa mais de 2 toneladas. Trata-se de um aparato multi-missão armado, com um teto de voo médio, longo alcance e pilotagem remota, que é utilizada principalmente para a execução de alvos móveis, bem como um recurso de inteligência.

O MQ-9 Reaper foi projetado pela General Atomics Aeronautical Systems e entrou em operação em 2007, com um custo de US$ 64,2 milhões por unidade. A aeronave, que pode ser dirigida a partir dos Estados Unidos por dois pilotos das Forças Armadas, tem um teto de voo de 15.240 metros de altura, um alcance de 1.850 quilômetros e atinge uma velocidade média de cruzeiro de 370 quilômetros por hora.