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Inteligência artificial vai simular torcida em jogos sem público do US Open

Rafael Nadal duela contra Daniil Medvedev na final do US Open de 2019 - Al Bello/Getty Images/AFP
Rafael Nadal duela contra Daniil Medvedev na final do US Open de 2019 Imagem: Al Bello/Getty Images/AFP

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

30/08/2020 10h14

Sem tempo, irmão

  • Com público virtual, torneio de tênis tenta ficar mais realista com inteligência artificial
  • Perfis de som inteligentes irão ressoar pelas quadras de Nova York
  • Discussões online promoverão maior mobilização dos torcedores
  • Jogadores poderão receber mensagens dos fãs e interagir com os familiares

O US Open, principal campeonato de tênis do mundo, começa nesta segunda-feira (31) em um momento pós-coronavírus. Os fãs não estarão nas arquibancadas, mas os jogadores e espectadores poderão ouvi-los: um sistema de inteligência artificial da IBM vai recriar os barulhos de uma grande torcida. Como todos os anos, o campeonato acontece no complexo Billie Jean King National Tennis Center, em Nova York.

Centenas de horas de vídeos dos torneios passados foram processados através de duas tecnologias da empresa: o AI Highlights e o Watson. A primeira foi usada no US Open dos últimos anos para classificar o nível de empolgação e classificar as reações da multidão. A segunda é a famosa plataforma de IA da IBM usada por grandes empresas.

Juntas, essas ferramentas vão avaliar o nível de emoção de cada jogada e assim simular a reação do público, com os silêncios e ruídos acompanhando o vídeo em tempo real.

Torneio US Open com plataforma Watson - Divulgação - Divulgação
Torneio US Open com plataforma Watson
Imagem: Divulgação

"Um jogo do Nadal soa diferente de um jogo do Federer", disse Kristi Kolski, diretora de esportes e entretenimento da IBM, em exclusividade a Tilt. "Nunca imaginávamos um torneio desta magnitude sem fãs presentes, que teríamos de desenvolver uma solução para isso. Mas já coletávamos dados de som das partidas há três anos".

"Nos últimos anos, o Watson foi treinado para assistir tênis, para ouvir os barulhos da torcida, para ver os gestos dos jogadores. Todos esses dados e estatísticas, que eram usados para selecionar os momentos mais importantes de partidas simultâneas, agora foram ressignificados", contou Kolski.

A promessa da IBM é de um efeito natural e dinâmico de torcida, e não um som artificial e forçado como as recentes tentativas dos campeonatos de futebol, inclusive o Brasileirão.

Estamos confiantes de que vamos criar uma experiência rica, fiel aos diferentes momentos de uma partida, tanto para os tenistas quanto para quem está assistindo de casa. São perfis de sons e ambiência, não apenas efeitos sonoros, como risadas disparadas em uma hora qualquer
Kristi Kolski, diretora de esportes e entretenimento da IBM

Os produtores das partidas terão uma "caixa de ferramentas" de inteligência artificial à disposição. Além dos sons da torcida, os jogadores poderão comemorar com seus amigos e familiares por meio das interativas "player box", e receberão mensagens dos torcedores em telas em volta da quadra.

Para criar uma experiência virtual ainda mais completa, há duas experiências de inteligência artificial online, desenvolvidas também pela IBM, em parceria com a USTA (United States Tennis Association), organizadora do torneio.

O Open Questions promove discussões entre os fãs, partindo de perguntas polêmicas como "Quem é o melhor tenista de todos os tempos?". Já o Match Insights revela dados sobre os jogadores e estatísticas das disputas, antes de cada partida, para ambientar os fãs —ou quem está vendo tênis pela primeira vez.

Baseadas nos recursos de processamento de linguagem natural (NLP) do IBM Watson, ambas ficam armazenadas em uma chamada "nuvem híbrida aberta". E estarão disponíveis internacionalmente, apenas em inglês, nas plataformas oficiais do US Open (site USOpen.org e app US Open para iOS e Android).