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Não foram as piadas: Sensacionalista foi notificado por grupo "Caça-Fake"

Sensacionalista protesta contra notificação recebida Imagem: Facebook/Reprodução

Gabriel Francisco Ribeiro e Rodrigo Trindade

De Tilt, em São Paulo

15/07/2020 00h01

Sem tempo, irmão

  • Publicações feitas no grupo Caça-Fake motivaram notificação à página do site no Facebook
  • Sensacionalista se surpreendeu e reclamou nas redes sociais, recebendo apoios diversos
  • Conteúdos que violavam padrões da comunidade motivaram "ameaça", não notícias falsas
  • Site dispensou apoios oportunistas e pediu combate "de verdade" às fake news

Um post do Sensacionalista, publicado na última segunda-feira (13), denunciando uma tentativa do Facebook de tirar a página o ar, viralizou e gerou um grande debate sobre liberdade de expressão nas redes sociais. Por se tratar de uma página de humor, que produz notícias satíricas, a ameaça de derrubada do site foi interpretada como censura e mais uma falha do sistema que capta desinformação.

No entanto, segundo Tilt apurou, não foram as piadas que levaram à "notificação por supostas violações contínuas dos padrões de comunidade da plataforma", mas materiais publicados dentro do grupo "Caça-Fake", criado pelo Sensacionalista para que os membros denunciassem notícias falsas em conjunto. O grupo tinha mais de 70 mil membros e foi excluído em maio.

Segundo a reportagem apurou, apenas o fato do grupo contar com notícias falsas - mesmo que ironicamente seja para combatê-las - ativou os alertas da rede social. A página do Sensacionalista, contudo, não corre risco de ser desativada, como os alertas sugerem.

Os posts no grupo foram detectados pelo sistema do Facebook que varre conteúdos nocivos —são 26 itens supervisionados (que estão nesta lista), que englobam publicações com conteúdo violento ou adulto, discurso de ódio, bullying e assédio, por exemplo.

No post que viralizou, o Sensacionalista acusa o Facebook de tentar tirar o site do ar sem dar explicações —depois de uma piada já ter sido apagada por ser considerada notícia falsa. "Desde então, o conteúdo está sendo distribuído com menor alcance, em punição", diz o texto. "O Facebook precisa ser mais transparente em suas decisões. As páginas devem, no mínimo, receber informações detalhadas sobre qual regra está sendo infringida e não um link com informações genéricas."

Em resposta, o Facebook diz que nenhuma piada foi apagada e informou que tem aprimorado as ferramentas de transparência para informar os proprietários de páginas sobre quais violações foram cometidas. "Não mudamos o critério, mas estamos notificando as pessoas com antecedência para que eles possam estar de acordo com as regras do Facebook", apontou a empresa.

Segundo essas regras, está permitido o compartilhamento de notícias falsas. Elas não são removidas porque isso poderia ser considerado censura, mas têm seu alcance diminuído e são sinalizadas como enganosas após passarem pela checagem de empresas parceiras do Facebook. Os administradores da página ou perfil podem apelar da decisão.

Ao Tilt, Nelito Fernandes, sócio e roteirista do Sensacionalista, afirmou que "todo o episódio mostra que o combate às fake news precisa ser de verdade".

À medida que a reclamação do Sensacionalista nas redes sociais se espalhava, sem que se soubesse o que motivou a notificação da página, políticos aproveitaram o episódio para criticar a atuação do Facebook.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que foi um dos alvos de uma grande ação do Facebook que derrubou na semana passada páginas ligadas ao clã Bolsonaro, escreveu que este é um "exemplo do que acontece quando esquerdistas assistem calados e comemoram censura contra a direita: um dia o monstro também os atinge." Ele também disse defender a liberdade de expressão mesmo de uma página de humor que se resume a "atacar a direita".

Já a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) publicou: "Vejam o monstro que o melindre exacerbado está criando! As normas criadas para calar eventuais inimigos serão usadas contra todos! Acordem enquanto é tempo!"

As manifestações foram encaradas pelo Sensacionalista como "oportunistas". Em um comunicado compartilhado um dia depois da reclamação, o site relatou ter recebido solidariedade de "artistas, políticos e usuários de redes sociais de várias tendências". "Aproveitar-se da ameaça contra nós para defender liberdade para páginas de ódio é apenas oportunismo. E esse apoio dispensamos", diz a página.

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