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Astrônomo amador descobriu mancha em Júpiter antes mesmo da Nasa

"Mancha de Clyde" é vista mais abaixo da Mancha Vermelha de Júpiter - Divulgação/Nasa
"Mancha de Clyde" é vista mais abaixo da Mancha Vermelha de Júpiter Imagem: Divulgação/Nasa

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

14/07/2020 16h39

Uma das características mais distintivas de Júpiter, o gigante planeta gasoso, é sua GMV (Grande Mancha Vermelha). Pois ela ganhou uma irmã menor: a "Clyde's spot", ou mancha de Clyde, apelidada em homenagem ao astrônomo amador que a descobriu, antes mesmo da Nasa.

A Mancha Vermelha é observada por astrônomos há mais de 300 anos. Trata-se de uma enorme tempestade circular, como um ciclone, que acontece ininterruptamente há séculos na atmosfera do quinto planeta. Perto dela, uma nova tempestade, esbranquiçada, foi descoberta semanas antes do planeta ficar em oposição ao Sol, nesta terça (14).

Quando observava Júpiter com seu telescópio, na manhã no dia 31 de maio deste ano, o sul-africano Clyde Foster percebeu um ponto estranhamente brilhante no hemisfério Sul do planeta, abaixo e à direita da GMV. Ele estava usando um filtro fotográfico especial, sensível ao gás metano —muito presente na atmosfera de Júpiter.

Dois dias depois, a sonda Juno, da Nasa, que desde 2016 está orbitando o planeta, confirmou e fotografou a descoberta de Foster durante um sobrevoo. É possível que a tempestade tenha se formado recentemente. Esta região de Júpiter, chamada South Temperate Belt (Cinturão Temperado do Sul), é uma zona atmosférica turbulenta.

Sonda Juno, da Nasa, que desde 2016 está orbitando o planeta, confirmou descoberta de Clyde Foster - Divulgação/Nasa - Divulgação/Nasa
Sonda Juno, da Nasa, que desde 2016 está orbitando o planeta, confirmou descoberta de Clyde Foster
Imagem: Divulgação/Nasa

Um outro cientista amador, Kevin Gill, pegou cinco fotos que JunoCam (a câmera da sonda) tirou neste dia e as processou, criando a bela imagem que abre este texto e até parece uma pintura de Van Gogh. Dá para enxergar nitidamente a mancha de Clyde, bem no centro, a Grande Mancha, e outras agitações na atmosfera do planeta —algumas delas ativas há dezenas ou até centenas de anos.

Qualquer pessoa pode baixar as imagens capturadas pela Juno, em altíssima resolução, no site da missão, e editá-las. "Gostaríamos de ver desde simples cortes em uma imagem até o destaque de um recurso atmosférico específico, ou adição de melhorias de cor, colagens e reconstrução de cores avançadas", incentiva a Nasa.

Devido ao formato de sua órbita, a sonda faz sobrevoos em Júpiter aproximadamente a cada 53 dias. O próximo voo, o 28°, está previsto para o dia 25 deste mês. Como será que a tempestade de Clyde vai estar?

A GMV já teve o dobro do diâmetro da Terra, mas "encolheu" bastante em 2014, chegando a um pouco mais do diâmetro do nosso planeta. Mesmo assim, continua com o título de maior tempestade de todo o Sistema Solar.

Não-tripulada, a Juno foi lançada em agosto de 2011 e chegou a Júpiter quase cinco anos depois, em julho de 2016. Seu objetivo é ajudar os cientistas a entender melhor a composição, a estrutura, a origem e evolução do maior planeta e do próprio Sistema Solar. Ela deve atuar até, pelo menos, julho do ano que vem.