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Veja como se proteger de app espião que acessa suas fotos e grava conversas

Uso de aplicativos espiões cresceu 51% na quarentena - iStock
Uso de aplicativos espiões cresceu 51% na quarentena Imagem: iStock

Naiara Araújo

Colaboração para Tilt

11/07/2020 15h40

Sem tempo, irmão

  • Aplicativos espiões se tornaram forte ameaça durante a pandemia
  • Empresa detectou que 3.048 usuários brasileiros foram impactados nos últimos meses
  • Apps de espionagem e perseguição podem ser usados em casos de violência contra a mulher
  • Texto traz dicas de como se proteger

Se engana quem pensa que ficar em casa e manter o distanciamento social são suficientes durante a quarentena. Quando o assunto é segurança digital, existem cuidados que todos também devem seguir. Especialistas apontam que algumas ameaças virtuais têm crescido durante a pandemia. E, se você for mulher, o risco pode ser ainda maior, já que a perseguição digital pode ter relação com o crescimento da violência doméstica.

Entre março e junho deste ano, foi observado uma alta de 51% no uso de aplicativos espiões, os stalkerwares, segundo a empresa de segurança digital Avast. O índice se refere aos bloqueios realizados por sistemas da companhia em comparação com os dois primeiros meses do ano.

De acordo com análise, só no Brasil, 3.048 usuários foram impactados pelas ameaças de stalkerwares desde março, o que representa uma média mensal 30% maior em comparação com janeiro e fevereiro de 2020.

Como os stalkerwares funcionam

Os stalkerwares são aplicativos de espionagem e perseguição online criados para permitir o acesso aos celulares das vítimas sem que elas percebam.

Um aplicativo desse tipo pode conseguir rastrear uma pessoa por meio da localização e acessar fotos e vídeos pessoais. Também é possível ter acesso aos emails e redes sociais, como WhatsApp e Facebook. Além disso, o "stalker" pode permitir que ligações sejam interceptadas e gravadas.

"Os stalkerwares são uma categoria crescente de malware doméstico, com implicações perturbadoras e perigosas. Enquanto os spywares e infostealers procuram roubar dados sigilosos, os stalkerwares são diferentes: roubam a liberdade física e online das vítimas", explica Jaya Baloo, diretora de segurança da informação da Avast.

Perseguição digital e violência contra a mulher

O crescimento do uso dos aplicativos de espionagem tendo mulheres como alvo também foi identificado. Segundo a empresa, isso tem relação com o aumento da violência doméstica registrado durante a quarentena.

No Brasil, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o aumento das denúncias de violência contra a mulher foi de 27% entre 2019 e 2020. As denúncias subiram de 15.683 para 19.915 entre março e abril.

Segundo Jaya Baloo, esse tipo de software geralmente é instalado nos celulares por falsos amigos, cônjuges ciumentos, ex-parceiros e até pais preocupados. "Os stalkerwares rastreiam a localização física da vítima, monitoram sites visitados na internet, mensagens de texto e telefonemas, prejudicando a liberdade online e a liberdade individual da pessoa", explica a executiva.

Saiba como se proteger

Com ajuda de algumas dicas dadas pela empresa de segurança, listamos a seguir como ficar protegido:

  • Use mecanismos de bloqueio da tela de celular, como senhas (PIN) e/ou biometria (digital ou facial).
  • Evite emprestar o seu telefone desbloqueado para outras pessoas. Pode levar menos de um minuto para instalar um aplicativo stalkerware.
  • Instale um antivírus confiável no seu celular. Eles conseguem detectar se existe algum sistema malicioso em seu aparelho e, em alguns casos, conseguem informar que existe um app espião instalado.
  • Caso desconfie que foi alvo de programas espiões, procure ajuda especializada. Mas evite usar o seu próprio telefone para fazer a denúncia. Se puder, use um dispositivo anônimo, como um computador ou um telefone de um amigo, para evitar que o abusador descubra suas intenções.
  • Busque ajuda também em caso de violência doméstica. Fazer registro do boletim de ocorrência é importante para que uma investigação seja iniciada. Além disso, organizações de defesa da mulher podem ajudar com orientações, apoio psicológico e questões de segurança pessoal, física e digital. Confira aqui como fazer uma denúncia sem sair de casa.