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Cadê a chama? Como funcionam os fogões por indução

Rodrigo Lara

Colaboração para o Tilt

09/07/2020 04h01Atualizada em 27/12/2022 09h46

Você provavelmente já viu, em algum programa de TV, pessoas cozinhando sobre um tipo de placa de vidro. O aparelho é um fogão por indução, que traz como recurso mais impressionante algo até então considerado essencial no preparo de muitos alimentos: o fogo.

Isso só é possível porque eles fazem uma interpretação própria do conceito de indução elétrica, descoberto pelos físicos Hans Christian Oersted e Léon Foucault —tema posteriormente estudado também pelo inventor croata Nikola Tesla.

Quando são alimentados pela rede elétrica, os fogões por indução funcionam como transformadores. A energia chega a um circuito chamado oscilador, que produz uma corrente alternada de 24 KHz. Essa corrente, por sua vez, é aplicada a uma bobina composta por diversos fios enrolados, que ficam abaixo do vidro que sustentará a panela, e cria ao redor dela um campo eletromagnético.

Quando o fogão é ligado, esse circuito magnético se fecha e uma grande quantidade de corrente passa a circular pela panela. Em seguida, o encontro dessa corrente com metal da panela gera perdas de energia que se transformam em calor.

O controle de temperatura é feito aumentando ou diminuindo a intensidade do campo magnético gerado pela bobina. Aqui, a relação é direta: quanto mais forte o campo magnético, mais ele será absorvido pela panela. Se a intensidade da corrente é maior, isso significa temperaturas mais elevadas.

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É possível usar qualquer tipo de panela nesses fogões?

Não. Via de regra, o material da panela a ser usada precisa ser capaz de conduzir eletricidade, o que já exclui as feitas totalmente de cerâmica.

Por outro lado, materiais que conduzem muito bem a eletricidade, com alumínio ou cobre, tendem a não se dar muito bem com esse tipo de tecnologia. Neles, a corrente induzida acaba "blindando" o material e não permite a penetração dos campos elétrico e magnético.

Já metais como ferro e aço inox são os que melhor funcionam com esses fogões, pois conduzem eletricidade ao mesmo tempo em que oferecem resistência suficiente para aquecerem.

Além disso, eles têm permeabilidade magnética elevada, o que permite desviar as linhas do campo magnético, fazendo com que elas circulem preferencialmente pela estrutura do recipiente.

Por isso, uma boa forma de saber se a panela funciona ou não nesse tipo de fogão é aproximar um imã dela e ver se ele "gruda".

"Ah, mas eu vi panelas de cerâmica e alumínio que funcionam em fogões por indução". Neste caso, essas panelas possuem um fundo especial, o que as torna capazes de serem aquecidas nesse tipo de material.

Fogões por indução podem queimar a mão?

Não. Um fogão por indução, quando ligado, não produz calor. Você pode colocar a mão sobre ele e nada acontecerá.

Isso, porém, não se aplica se o fogão tiver sido usado recentemente —afinal, uma panela quente estava sobre o vidro— ou, ainda, se você tiver um anel de ferro ou aço inox em um dedo da sua mão.

A panela sobre um fogão de indução pode dar choque?

A resposta é não, porque a panela age como uma bobina de espiral única, fazendo com que o conjunto fogão por indução/panela funcione como um transformador elétrico redutor de tensão.

Como essa tensão é baixa, é insuficiente para superar a resistência elétrica do corpo humano, que é o que causaria o choque.

Um fogão por indução é melhor do que um convencional?

Isso é algo subjetivo. Em termos técnicos e de aproveitamento de energia, sim, um fogão por indução é melhor do que o convencional. Além disso, ele faz com que a panela esquente mais rápido do que em um fogão a gás, além de permitir um controle mais preciso da temperatura de cozimento.

O lado ruim é que eles são consideravelmente mais caros do que um fogão convencional. E também é preciso considerar que usá-los implica em ter um consumo maior de energia elétrica.

Fontes:
Leandro Russovski Tessler, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (IFGW-Unicamp)
Eduardo Pouzada, professor de Engenharia Eletrônica do Instituto Mauá de Tecnologia

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