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Após IBM, Amazon também proíbe seu reconhecimento facial para vigilância

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

De Tilt, em São Paulo *

11/06/2020 11h42

A Amazon anunciou nesta quarta-feira (10) que vai proibir a polícia de usar seu programa de reconhecimento facial Rekognition por um ano e pediu à instituição normas rígidas para que sua tecnologia seja utilizada eticamente no futuro.

"Defendemos regulamentos governamentais mais rígidos sobre o uso ético das tecnologias de reconhecimento facial e o Congresso parece pronto para enfrentar esse desafio", afirmou a gigante do comércio na internet em comunicado.

Desde a morte de George Floyd, um afro-americano sufocado por um policial branco duas semanas atrás, empresas e autoridades tentam responder aos protestos em massa contra a violência policial e o racismo que agitam o país.

O anúncio ocorre depois que vários grupos pela igualdade racial lançaram uma petição online nesta semana pedindo à Amazon a ruptura de seus vínculos com a polícia e os serviços de imigração dos Estados Unidos. A petição se refere à tecnologia Rekognition e às câmeras de vigilância doméstica Ring.

"A Amazon deve examinar seu papel estrutural na opressão sistemática da população negra", disse Myaisha Hayes, diretora de estratégias de campanha da organização Media Justice.

O "império de vigilância" da Amazon poderia ser usado pela polícia para intimidar pessoas com base em sua raça, tornando a empresa cúmplice de tais abusos, disseram a ONG e outros peticionários.

Não está claro até que ponto o Rekognition é utilizado nos serviços policiais e de imigração.

As câmeras Ring, vendidas pela Amazon, são usadas para segurança doméstica, mas seus proprietários podem compartilhar o acesso a vídeos de vigilância com a polícia, se assim desejarem.

A Câmara dos Representantes, de maioria democrata, apresentou na segunda-feira uma lei para "mudar a cultura" dentro da polícia dos EUA.

O texto institui um registro nacional para policiais que cometem crimes, facilita ações legais contra eles e mudanças nos processos de seleção e treinamento.

"Esperamos que esse prazo de um ano dê ao Congresso tempo suficiente para estabelecer regras apropriadas", afirmou a Amazon.

IBM fez antes

O anúncio da Amazon acontece dias após a IBM informar que não vai mais desenvolver ferramentas de reconhecimento facial para vigilância em massa ou para qualquer outro propósito que viole direitos e liberdades humanas.

"As horríveis e trágicas mortes de George Floyd, Ahmaud Arbery, Breonna Taylor e muitos outros nos lembram que a luta contra o racismo é mais urgente do que nunca", disse Arvind Krishna, presidente-executivo da IBM, em carta endereçada aos senadores Cory Booker, Kamala Harris e aos deputados Karen Base, Hakeem Jeffries e Jerrold Nadler.

* Com agência AFP