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Lançamento de astronautas da Nasa com foguete da SpaceX é adiado

Gabriel Francisco Ribeiro

De Tilt, em São Paulo

27/05/2020 17h23Atualizada em 28/05/2020 00h16

Sem tempo, irmão

  • Tempo ruim adia lançamento de foguete da SpaceX com astronautas da Nasa
  • Decolagem foi remarcada para sábado, se as condições do clima permitirem
  • Esta é primeira missão tripulada da Nasa com foguete de uma empresa privada
  • É o primeiro lançamento de astronautas no solo dos EUA em nove anos
  • Lançamento faz parte do projeto que quer colocar humanos na Lua até 2024

O lançamento de um foguete da SpaceX marcado para esta quarta-feira (27) foi adiado por causa do mau tempo no Centro Espacial John F. Kennedy, no Cabo Canaveral, na Flórida (EUA). Com os astronautas já a bordo do foguete, a missão acabou sendo cancelada às 17h16 (de Brasília), pouco menos de 20 minutos antes do lançamento.

Com o adiamento, o lançamento agora ficou marcado para o próximo sábado (30), às 16h22. Até o momento do cancelamento, todos os sistemas do foguete foram considerados normais nas checagens preparatórias. Os astronautas tiveram que esperar a remoção do combustível do foguete para deixar o veículo espacial.

A missão é considerada um marco por ser a primeira vez que a Nasa (agência espacial norte-americana) envia astronautas ao espaço com transporte de uma empresa privada. Esta é, também, a primeira vez em nove anos que a agência manda humanos ao espaço do território norte-americano.

Desde que aposentou seus ônibus espaciais em 2011 a agência fazia lançamentos do Cazaquistão com a nave russa Soyuz, considerada uma das mais confiáveis já fabricadas e com histórico de apenas um acidente. Para fazer isso, o governo norte-americano paga uma quantia milionária para a Rússia. O abandono da Nasa a lançamentos próprios ocorreu principalmente devido a acidentes como o do Columbia em 2003.

O lançamento está marcado para ocorrer mesmo em meio às restrições provocadas pelo coronavírus, mas sem a festa que se esperava para o momento - o público foi orientado a acompanhar de casa o lançamento por causa do isolamento social. O presidente norte-americano Donald Trump havia pousado em Cabo Canaveral pouco antes do adiamento da decolagem do foguete.

Rumo à ISS estarão os astronautas Robert Behnken e Douglas Hurley, que já participaram de outras missões anteriormente. Os astronautas viajarão no foguete Falcon 9, com a cápsula Crew Dragon. Ambos foram fabricados pela SpaceX, sendo ajustado a modelos anteriormente feitos para transporte de cargas.

A parceria com a SpaceX mostra uma mudança no modelo da agência que começou a partir do governo Obama, com empresas privadas ganhando a permissão de fabricar foguetes para lançamentos humanos. Antes, eram feitas contratações de empresas terceirizadas para alguns serviços, mas a construção dos foguetes era feita pela própria Nasa.

O bilionário Elon Musk, dono da SpaceX, tem o espaço como uma de suas principais frentes de negócio - seja para lançamento de satélites que visam conectar o mundo inteiro à internet ou para colonizar Marte, algo que já disse ter vontade. A SpaceX ainda conseguiu inovações importantes na área espacial, como manobrar partes de foguetes de volta para a Terra com segurança, o que pode baratear os lançamentos.

Projeto Artemis

O lançamento desta quarta ainda é o primeiro passo para o Projeto Artemis, coordenado pela Nasa. A intenção da agência é colocar humanos novamente na Lua, após décadas —incluindo a primeira mulher a pisar no satélite.

A Lua, inclusive, virou o novo queridinho de várias nações e se tornou novamente o cenário de uma corrida espacial. China, Índia e outras nações, além dos Estados Unidos, fizeram missões recentes que tinham o solo lunar como alvo.

A intenção da Nasa é que humanos estejam andando pela Lua novamente no ano de 2024 —e, dessa vez, para ficar. O objetivo final da missão é que humanos pisem pela primeira vez em Marte, algo previsto para por volta de 2030.

A viagem para a Estação Espacial Internacional é um dos primeiros testes também da SpaceX para a missão rumo à Lua. Contudo, uma viagem para nosso satélite exigiria um foguete mais poderoso.