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Nosso futuro? Máscara brilha e avisa se você está com o coronavírus

Samuel Rodriguez
Imagem: Samuel Rodriguez

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

21/05/2020 04h00

Sem tempo, irmão

  • Máscara vira um teste rápido para Covid-19
  • Ajuda a evitar propagação do vírus em espaços públicos
  • Sensores ficam fluorescentes após contato com secreções contaminadas
  • Brilho não é visível a olho nu

Cientistas da Universidade Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolvem uma nova máscara facial que brilha ao entrar em contato com o novo coronavírus. Funciona assim: quando uma pessoa infectada respirar, tossir ou espirrar, emitindo gotículas de saliva ou fluidos corporais com o vírus, a máscara fica fluorescente. Ou seja, se quem usar a máscara estiver doente, ela vai brilhar.

Nos últimos seis anos, uma equipe de bioengenheiros trabalha em sensores capazes de detectar vírus de doenças altamente infecciosas, incluindo zika e ebola, e emitir um sinal luminoso. Agora, eles estão adaptando a tecnologia para que funcione também para a Covid-19.

A ideia é colocar DNA e RNA, que têm a propriedade de se ligar a um vírus, desidratados em um tecido. Para isso, é usada uma máquina chamada liofilizador, que retira a umidade do material genético sem matá-lo —ele continua ativo à temperatura ambiente por diversos meses, conferindo boa validade às máscaras.

Os sensores precisam de apenas duas coisas para serem ativados: umidade, como saliva e muco que nosso corpo libera durante o processo respiratório, e ter a sequência genética do vírus na memória. Por serem bem sensíveis e específicos, podem detectar diferentes mutações do vírus.

Ao identificar apenas um pequeno segmento dessa sequência, eles são programados para emitir um sinal fluorescente dentro de uma a três horas.

A tecnologia de identificação de vírus em si já foi comprovada pela equipe em 2018. Amostras em pedaços de papel conseguiram detectar vírus da Sars, influenza, hepatite C, rubéola e febre do Nilo ocidental, entre outras doenças. "Fizemos assim para criar uma ferramenta barata de diagnóstico. Funciona em papel, mas também mostramos que é efetiva em plástico, quartzo e tecido", disse Jim Collins, o líder do projeto, à Business Insider.

Os cientistas esperam apresentar uma demonstração nas próximas semanas e têm a meta de começar a produzir um produto comercialmente viável até o final do ano.

O passo seguinte é embutir esses sensores em máscaras faciais e também criar um módulo avulso, que poderia ser inserido em qualquer máscara hospitalar.

Isso pode ajudar nas ações de segurança em espaços públicos, como medições de temperatura com termômetros. Com o benefício de conseguem identificar também pacientes assintomáticos.

"Quando a circulação de pessoas for sendo liberada, a máscara poderia ser usada em aeroportos, quando passamos pela segurança antes de entrar no avião", disse Collins. "Ou você poderia usá-la no trajeto de e para o trabalho. Hospitais poderiam usar para pacientes durante a triagem."

Ela agiria como uma espécie de teste rápido, que dá o resultado na hora, sem precisar mandar amostras a um laboratório. Um diagnóstico rápido é essencial para evitar o espalhamento do vírus.

Mas o brilho não é visível a olho nu. O laboratório usa um aparelho chamado fluorímetro para medir a luminância. Na vida real, seria preciso um fluorímetro portátil (estilo CSI, sabe?) para checar as máscaras. Com isso, só alguns agentes podem saber quem está circulando mesmo estando contaminado.