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Compra um, doa outro: testes para covid-19 são vendidos por R$ 251 no Rappi

Testes serão feitos em modelo drive-thru - ANDERSON LIRA/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Testes serão feitos em modelo drive-thru Imagem: ANDERSON LIRA/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

20/05/2020 20h02

Sem tempo, irmão

  • Exames são realizados em drive-thru no Shopping Iguatemi
  • Teste é do tipo sorológico, com 94% de precisão
  • Dá para saber se você já teve a doença mesmo se não apresentou sintomas
  • A cada teste comprado, um é doado pelo movimento #2em2

A partir de hoje (20), testes de coronavírus são vendidos a preço de custo pelo aplicativo Rappi. A ação é realizada pelo movimento #2em2: a cada exame comprado, um será doado para alguém que não pode pagar.

O exame será feito em esquema drive-thru, no estacionamento de shoppings de grandes cidades. Neste primeiro momento, o serviço está funcionando apenas em São Paulo. Há agendamentos disponíveis para a partir da próxima segunda-feira (25) no Shopping Iguatemi, na Avenida Faria Lima.

O teste é do tipo sorológico e é vendido por R$ 251 cada — o preço de custo. Cada cliente pode comprar até cinco testes, para pessoas com pelo menos 10 anos de idade. Se quiser, pode doar mais 5 testes (além dos que já serão doados pelo movimento), pelo mesmo valor.

Entre dois e cinco dias após a coleta, os pacientes receberão um link por e-mail para ver o resultado. Por enquanto, a capacidade de atendimento é de cerca de 800 pessoas por dia.

Como comprar testes pelo Rappi

"Estamos empenhados em usar nosso potencial de alcance e nossa tecnologia para ser a ferramenta de acesso da população aos testes. Criamos um botão no nosso app para que os usuários possam adquiri-los — e também doar outros —, agendar o melhor dia e horário para ir ao local de coleta e fazer o pagamento digital, via app", explica Sérgio Saraiva, presidente da Rappi Brasil.

Diferentemente dos exames feitos com raspagem de nasofaringe (secreções), que apenas detectam o vírus na fase sintomática da doença, os testes vendidos no Rappi são sorológicos, feitos a partir da amostra de sangue do paciente. Assim, é possível detectar anticorpos de quem já teve a doença, mesmo se já se passaram semanas e se não houve sintomas. De acordo com a Faculdade de Medicina do ABC, a precisão do resultado é de 94%.

Os testes doados irão para hospitais públicos e filantrópicos da mesma região em que a venda foi feita. Em alguns casos, a doação pode ser feita diretamente a comunidades vulneráveis.

"Dos países com maior número de casos confirmados, o Brasil é um dos que menos realizou testes para covid-19. Mais testes significam dados mais confiáveis, o que pode ampliar consideravelmente a capacidade de resposta do país, sobretudo para a população em situação de vulnerabilidade social, que em muitas perspectivas está mais exposta aos efeitos da pandemia'', disse Ralf Toenjes, presidente da ONG Renovatio.

A campanha, sem fins lucrativos, visa à testagem em massa da população, para mapear quem já está imune à covid-19. De acordo com os idealizadores, essa seria a melhor opção para elaborarmos uma estratégia de afrouxamento do isolamento social, já dura mais de dois meses.

"Com o #2em2, vamos poder atuar ativamente como parte da solução da crise de saúde que o país enfrenta, com a oferta de testagem em massa da população de forma segura, que pode ajudar as autoridades a tomarem a melhor decisão sobre alocação de recursos de saúde, e relacionadas a economia. E ainda, tem um cunho social do movimento com doação de testes para hospitais públicos e filantrópicos. Para nós, aderir ao projeto teve sinergia com a missão da Cia. da Consulta de oferecer acesso à saúde de qualidade com a nossa expertise operacional e técnica", destaca Victor Fiss, fundador e CEO da Cia. da Consulta.

"Quando vimos o desafio da qualidade e disponibilidade de testes, entendemos a importância de criar uma iniciativa que poderia se tornar um modelo nacional, sem fins lucrativos, de resposta conjunta da sociedade civil para este problema", conta Tiago Barros, cofundador da Vitta, empresa de tecnologia em saúde. "De 2 em 2, a iniciativa vai testar o maior número de pessoas possíveis."

O movimento #2em2 conta a participação de startups e grandes empresas: Vitta, Stone, Cia. da Consulta, Rappi, Loggi, Iguatemi Empresa de Shopping Centers, escritório de advocacia Mattos Filho, XP Inc., QR Consulting, ONG Renovatio, Orbitae e Sic Works.

Além disso, há um conselho médico com oito profissionais, entre eles o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência para o coronavírus no Estado de São Paulo.