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A saúde pública não está boa? Investir em carro autônomo pode ser uma saída

Carina Brito

Colaboração para Tilt

05/05/2020 04h00

Os carros voadores podem não ser uma realidade ainda em 2020, mas os veículos autônomos, sim — e bem promissora. E em tempos de coronavírus, eles podem ser um grande aliado da saúde pública.

Um relatório feito pelo Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal) e publicado no Annual Review of Public Health analisou dezenas de estudos sobre veículos autônomos para saber quais são os potenciais riscos e benefícios desta tecnologia. E descobriu que o seu uso pode ser muito positivo para a sociedade.

Um veículo autônomo é aquele com um sistema de direção feito por máquina. A autonomia do carro é classificada em uma escala de seis níveis, começando no zero (quando o motorista executa todas as tarefas operacionais) até o nível cinco (um veículo totalmente autônomo e automatizado).

Com isso, o seu uso provavelmente reduziria o número de acidentes provocados por erros humanos de uma maneira significativa. Isso porque, de todos os acidentes graves com veículos em 2017 nos Estados Unidos, 94% envolveram fatores relacionados ao motorista, como distração e manobras em alta velocidade ou ilegais.

Estima-se que, se 90% dos carros se tornarem totalmente autônomos, cerca de 25 mil vidas poderiam ser salvas anualmente, com economias estimadas em mais de US$ 200 bilhões por ano.

É verdade que já tivemos acidentes fatais com carros do gênero —em 2018, uma pessoa morreu atropelada por um veículo da Tesla, mas o condutor humano teria ignorado advertências visuais e sonoras para usar as mãos. Outros motoristas já foram flagrados dormindo dentro dos autônomos. De qualquer forma, há um caminho longo a percorrer.

Globalmente, os incidentes de trânsito são uma das principais causas de mortalidade, com 1,3 milhão de mortes anuais —quase 90% delas concentradas em países de baixa e média renda.

Fugindo do estresse

O relatório também cita um estudo que diz que a experiência de dirigir é potencialmente prejudicial para saúde, sugerindo que dirigir por longas horas provoca estresse por um longo período de tempo e causa impactos negativos nos sistemas imunológico, cardiovascular e nervoso.

Uma das conclusões é que o carro autônomo provavelmente diminuiria a carga de trabalho mental que os motoristas sentem durante o trajeto.

Além de oferecer benefícios na segurança no trânsito, os veículos autoguiados seriam melhores para a saúde pública se fossem elétricos e usados no formato de compartilhamento —ou seja, com mais pessoas no mesmo carro.

Menos poluição

E os carros seriam ainda mais benéficos se fossem integrados a um modelo que priorize o transporte público, ciclismo e caminhada. Esse modelo estimularia a atividade física, reduziria a poluição do ar e do ruído.

Mas, o estudo também alerta que veículos autônomos podem ter um impacto negativo na saúde pública se os motores usarem combustíveis fósseis e focado no uso individual. Isso levaria a um aumento no trânsito, um maior sedentarismo das pessoas e o ar continuaria ruim.

Previsões mostram que, em 2020, 5% das vendas de carros serão de veículos autônomos e que o número pode aumentar para 40% até 2030, deixando claro que é preciso pensar agora em como aproveitar esta tecnologia da melhor maneira. Ainda assim, o estudo afirma que ainda são feitas poucas pesquisas e planejamento para se programar para esse novo tipo de transporte.

"Em geral, existem muitas incertezas sobre a direção dos impactos relacionados aos veículos autônomos. A gama de impactos depende do modelo que a indústria e os governos promovem" diz o relatório.