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Astrônomos detectam rajada rápida de rádio pela primeira vez na Via Láctea

Via Láctea em foto tirada no Chile - Serge Brunier
Via Láctea em foto tirada no Chile Imagem: Serge Brunier

Thiago Varella

Colaboração para Tilt

04/05/2020 16h40

Pela primeira vez, astrônomos detectaram uma rajada rápida de rádio (FRB, na sigla em inglês) originada em nossa própria galáxia. O sinal teria vindo de um magnetar na Via Láctea, que é um tipo de estrela de nêutrons com um campo magnético muito forte, localizado a 30 mil anos-luz da Terra.

Cientistas conseguiram detectar a rajada rápida no último dia 28 de abril. O sinal veio de uma explosão de ondas de rádio com duração de um milissegundo.

E o que são essas tais rajadas rápidas de rádio? São monstruosas rajadas de energia que podem emitir em um piscar de olhos a energia de 500 milhões de sóis. A maioria não se repete e são muito difíceis de se prever e de ser localizadas.

Os cientistas ainda não sabem dizer muito bem a origem dessas ondas. Uma teoria plausível, que pode ser confirmada pelo evento na nossa galáxia, é que essas rajadas sejam produzidas por magnetares, que são um tipo estranho de estrela de nêutrons, restos de núcleo extremamente densos que sobraram depois que uma estrela maciça se torna supernova.

Os magnetares têm campos magnéticos muito mais poderosos que as estrelas comuns de nêutrons. Conforme a força gravitacional tenta manter a estrela unida, o campo magnético é tão poderoso que distorce sua forma. Isso leva a uma tensão contínua entre as duas forças, que ocasionalmente produz terremotos gigantescos e explosões magnetares gigantes.

A rajada rápida de rádio detectada na Via Láctea tem sua origem no magnetar SGR 1935+2154, o que pode ajudar a confirmar a teoria. O que os cientistas ainda não sabem é se o fenômeno pode ter outras origens.

A intensidade do sinal captado pela rajada na Via Láctea foi milhões de vezes maior do que as anteriormente registradas de outras galáxias.

"Se o mesmo sinal viesse de uma galáxia próxima, como uma das galáxias FRB típicas, isso pareceria um FRB para nós. Algo assim nunca foi visto antes", afirmou ao site ScienceAlert o astrônomo Shrinivas Kulkarni, da Caltech e membro da missão STARE2, responsável por detectar o sinal da rajada rápida de rádio de maneira clara.