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Juntos, Apple e Google elaboram sistema para monitorar casos de covid-19

Iniciativa visa mapear casos do novo coronavírus, informando autoridades e usuários - Getty Images
Iniciativa visa mapear casos do novo coronavírus, informando autoridades e usuários Imagem: Getty Images

Rodrigo Trindade

De Tilt, em São Paulo

10/04/2020 16h01

Sem tempo, irmão

  • Sistema baseado na tecnologia Bluetooth terá adesão voluntária e atenção à privacidade
  • Ideia é que celular identifique e armazene, anonimamente, quem esteve perto de você
  • Se alguém que esteve próximo testar positivo para covid-19 e relatar às autoridades, você será notificado pelo celular

Os concorrentes Apple e o Google trabalham juntos no desenvolvimento de sistemas que ajudem, por meio de smartphones, o mapeamento de casos do novo coronavírus e informem usuários sobre o possível contato com pessoas que contraíram a doença. Em um anúncio conjunto feito nesta sexta-feira (10), os dois gigantes da tecnologia revelaram a parceria que visa aproveitar recursos Bluetooth para desacelerar o contágio da covid-19.

A proposta apresentada por Apple e Google envolve duas etapas. Na primeira delas, ambas as empresas vão lançar em maio APIs (interfaces de programação de aplicativos) que permitam a interoperabilidade de dispositivos Android e iOS que utilizarem apps de autoridades de saúde pública, os quais são disponibilizados nas lojas de aplicativos oficiais.

Nos meses seguintes, as empresas trabalharão em conjunto para uma segunda solução: a criação de uma plataforma de rastreamento de contato que utilizará Bluetooth e estará embutida nos sistemas operacionais concorrentes.

"Já que a covid-19 pode ser transmitida pela proximidade física dos indivíduos afetados, autoridades de saúde identificaram o rastreamento de contato como uma ferramenta valiosa para conter o contágio", diz o comunicado conjunto das empresas.

Ambas as iniciativas despertam preocupações sobre privacidade. Com isso em mente, Apple e Google pensaram na implementação dos recursos em duas etapas diferentes para que sejam mantidas fortes proteções em torno dos dados dos usuários.

A primeira delas implica no download voluntário de aplicativos, enquanto a segunda, apesar de estar no próprio sistema dos celulares, será ativada somente com o consentimento dos usuários.

"Privacidade, transparência e consentimento são de primeira importância nessa iniciativa e esperamos criar essa funcionalidade consultando as partes interessadas. Vamos publicar abertamente informações do nosso trabalho para que outros o analisem", explicaram.

"O rastreamento de contato pode ajudar a desacelerar o contágio da covid-19 e pode ser feito sem comprometer a privacidade do usuário. Estamos trabalhando com Sundar Pichai e Google para ajudar autoridades de saúde a aproveitarem a tecnologia Bluetooth de uma maneira que respeite transparência e consentimento", escreveu Tim Cook, executivo-chefe da Apple.

"Para ajudar autoridades de saúde a diminuir o contágio da covid-19, Google e Apple estão trabalhando em uma abordagem de rastreamento de contato criada com fortes controles e proteções para a privacidade do usuário. Tim Cook e eu estamos comprometidos no trabalho conjunto nestes esforços", tuitou Sundar Pichai, executivo-chefe do Google e da Alphabet.

Serei vigiado?

O sistema vai rastrear constantemente o deslocamento dos usuários que toparem participar? Não, segundo os documentos divulgados pelas empresas. Um deles explica que o recurso não precisa saber a localização exata do usuário para funcionar, visto que a identificação de proximidade de outras pessoas é feita por meio do Bluetooth, não GPS.

A possibilidade de ativar informações de localização existe, mas "é completamente opcional ao esquema". Se utilizada, é necessário consentimento explícito do usuário.

Como vai funcionar?

Dois slides compartilhados pelo Google explicam como o sistema funcionará na prática. Duas pessoas se encontram e conversam. Enquanto isso, seus celulares trocam por Bluetooth chaves anônimas de identificação.

Dias depois, uma das pessoas é diagnosticada com coronavírus, abre o aplicativo da autoridade de saúde de seu país e relata que teve a doença confirmada. Com a autorização da pessoa, o celular faz o upload na nuvem das chaves com as quais ele teve contato.

Em paralelo a isso, a outra pessoa envolvida na conversa segue a vida, enquanto seu celular checa periodicamente chaves de todas pessoas que testaram positivo em sua região. De forma anônima, o aparelho identifica uma chave que essa pessoa teve contato, enviando uma notificação e informando quais os cuidados que devem ser tomados dali em diante.

Como funcionará o sistema de rastreamento de contato

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