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Cuidado com o sushi: população de vermes do prato cresceu 283x em 40 anos

Pixabay
Imagem: Pixabay

Mirthyani Bezerra

Colaboração para Tilt

25/03/2020 04h00

Sem tempo, irmão

  • Pesquisa identificou aumento de 283 vezes na presença de parasitas anisakis
  • Eles podem ser transmitidos para humanos que comem frutos do mar crus ou pouco cozidos
  • Especialistas dizem que, na maioria dos casos, o verme morre após alguns dias no organismo
  • Sintomas podem ser confundidos com intoxicação alimentar

Você é fã de comida japonesa e não perde a chance de se esbaldar num rodízio cheio de sashimi e temaki? Se sim, é bom redobrar a atenção antes de levar um pedaço de peixe cru à boca. A chance de encontrar um verme pode ter aumentado bastante.

Uma pesquisa feita por pesquisadores da Universidade de Washington mostrou que houve um aumento de 283 vezes na abundância de vermes do gênero Anisakis, encontrado em animais marinhos, ao longo das últimas quatro décadas. A descoberta foi publicada neste mês na publicação Global Change Biology.

Esses parasitas podem ser transmitidos para humanos que comem frutos do mar crus ou pouco cozidos e por isso ganharam o apelido de "verme do sushi".

Humanos e mamíferos marinhos são infectados quando comem um peixe que tem vermes. O parasita pode invadir a parede intestinal e causar sintomas que parecem com os de uma intoxicação alimentar, como náusea, vômito e diarreia.

Os especialistas dizem que, na maioria dos casos, o verme —que pode ser visto a olho nu— morre após alguns dias e os sintomas desaparecem.

A doença causada pelo parasita é chamada de anisaquíase ou anisaquidose, mas raramente é diagnosticada porque a maioria das pessoas a confunde com uma intoxicação alimentar.

Mas como esses vermes entram no peixe? A resposta está na cadeia alimentar. Os vermes eclodem nos oceanos, ai vem um crustáceo pequeno e o come, que por sua vez é devorado por crustáceos maiores, como camarões e copépodes. Peixes pequenos se alimentam desses crustáceos infectados e acabam sendo contaminados, e assim vai até chegar nos humanos e mamíferos marinhos, como golfinhos e baleias.

Um Anisakis é visto em um pedaço de salmão - Togabi/Wikimedia Commons - Togabi/Wikimedia Commons
Anisakis é visto em um pedaço de salmão
Imagem: Togabi/Wikimedia Commons

Chelsea Wood, uma das autoras da pesquisa e professora assistente na Escola de Ciências Aquáticas e da Pesca da Universidade de Washington, conta que quem trabalha no preparo de peixes para consumo humano —tipo o funcionário do supermercado onde você compra o seu peixe ou o sushiman do seu restaurante japonês favorito— geralmente é treinado para identificar os vermes nos peixes e selecioná-los antes que eles cheguem aos clientes. Mas alguns podem passar. Os Anisakis podem ter até dois centímetros de comprimento.

A pesquisadora diz que, no caso dos humanos, não há motivos para preocupação. Ela mesma contou que come sushi regularmente. Mas se você não suporta a ideia de pensar que um monte de vermes vai invadir o seu organismo após aquele sushi ingerido no rodízio, ela recomenda usar uma faca em vez de hashi, cortar o sushi ao meio e procurar por vermes antes de comer.

Esse é o primeiro estudo sobre o tema que combina os resultados de vários trabalhos feitos nos últimos anos sobre a incidência desse animal na natureza.

"Este estudo aproveita o poder de muitos trabalhos juntos para mostrar uma imagem global de mudança em um período de quase quatro décadas. É interessante porque mostra como os riscos para seres humanos e mamíferos marinhos vêm mudando ao longo do tempo", disse Wood.

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