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Dia na Terra já foi meia hora mais curto, e soubemos disso por um molusco

Cientistas descobrem que há 70 milhões de anos os dias tinham 23 horas e meia e os anos duravam 372 dias  - Divulgação/Nasa
Cientistas descobrem que há 70 milhões de anos os dias tinham 23 horas e meia e os anos duravam 372 dias Imagem: Divulgação/Nasa

De Tilt, em São Paulo

11/03/2020 19h56Atualizada em 13/03/2020 09h51

Graças a fóssil de um tipo extinto de molusco, cientistas descobriram que o dia na Terra há 70 milhões de anos era mais curto, com 23 horas e meia. Segundo artigo publicado na revista "Paleoceanography and Paleoclimatology", a partir da descrição do fóssil, naquela era, os anos na Terra possuíam 372 dias em vez de 365 em anos comuns ou 366 como nos anos bissextos.

"Temos cerca de quatro a cinco pontos de dados por dia, e isso é algo que você quase nunca obtém na história geológica", disse Niels de Winter, geoquímico da Vrije Universiteit Brussel.

Os pesquisadores extraíram o núcleo superfino do fóssil, que ofereceu uma noção das condições vividas pelo animal. Sua concha deu a compreensão das mudanças sazonais, onde crescia mais durante o dia do que a noite. Isso sugere que esse tipo de molusco compartilhou sua concha com bactérias que, como as plantas, podem transformar a luz solar em açúcar.

Quando as camadas diárias foram contadas pelos cientistas, eles perceberam que a cada ano, ao longo dos séculos, o molusco viveu cerca de 372 dias. Para que a matemática seja exata, com 6,75 rotações extras por ano, o dia teria que durar 23,5 horas.

Isso ocorre porque a velocidade com que a Terra gira está ligada entre sua distância e a Lua: à medida que o planeta desacelera, nosso satélite se afasta um pouco mais de sua órbita. Os instrumentos retrorrefletores colocados na Lua durante as missões Apollo permitiram a medição da taxa de deriva: cerca de 3,82 centímetros (1,5 polegadas).

Mas, essa taxa não pode ser constante ao longo da história geológica. Se fosse, a Terra e a Lua ocupariam o mesmo espaço há cerca de 1,4 bilhão de anos. O que é incomum, já que a Lua, segundo os cientistas, se formou há mais do que 4,5 bilhões de anos. Portanto, a deriva deve ter sido mais lenta no passado.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado no texto, os instrumentos retrorrefletores colocados na Lua durante as missões Apollo permitiram a medição da taxa de deriva de cerca de 3,82 centímetros (1,5 polegadas), e não de 3,8 polegadas. O texto foi corrigido.