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Após pressão, loja não oficial da Xiaomi reembolsa alguns clientes

Tela inicial da loja online Mi Store Brasil, que encerrou atividades com encomendas não entregues - Reprodução
Tela inicial da loja online Mi Store Brasil, que encerrou atividades com encomendas não entregues Imagem: Reprodução

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

20/02/2020 04h00Atualizada em 21/02/2020 15h42

Sem tempo, irmão

  • Loja não-oficial da Xiaomi fechou e deixou 1.000 clientes esperando encomendas
  • Após pressionar MiStore Brasil, clientes receberam reembolsos das encomendas perdidas
  • Mas problema ainda está longe de terminar para a grande maioria dos prejudicados

A loja online MiStore Brasil, que desapareceu da internet no começo deste ano sem entregar centenas de smartphones Xiaomi comprados durante a época de Black Friday e Natal, trouxe uma esperança para os clientes lesados. Após pressionar a loja por email, alguns destes clientes receberam reembolsos dos valores pagos.

Após a notícia do fechamento, o site —que não tem nenhum vínculo oficial com a Xiaomi— publicou um comunicado em que diz ter encerrado suas atividades "por força maior", e aconselhou os clientes a obter o dinheiro de volta junto à plataforma intermediadora do pagamento (PagSeguro, Mercado Pago ou PayPal).

A maioria das pessoas comprou por cartão de crédito via Mercado Pago, acreditando que a transação estaria protegida. Mas mesmo em caso de fraudes, não há nenhuma proteção para compras fora do Mercado Livre. Nas respostas, a intermediadora deixou claro aos clientes prejudicados que "o valor é liberado automaticamente (...) como uma transação bancária convencional (...) não podemos ressarci-lo caso seu vencedor não retorne".

Já o PagSeguro, principal intermediador de quem pagou por boleto, encerrou as disputas a favor dos compradores que reclamaram no prazo de 30 dias, de acordo com o programa Compra Protegida da plataforma.

Quem abriu a disputa após este prazo, ainda poderia recuperar o dinheiro, mas seria necessário ter saldo na conta do vendedor para liberar os ressarcimentos. E a loja encerrou as atividades sem deixar este dinheiro na conta.

Recuperar o dinheiro parecia um sonho cada vez mais distante para a grande maioria dos clientes lesados. Até esta semana.

Após não conseguirem resolver junto à intermediadora, clientes que pagaram via boleto enviaram emails para o endereço de contato da empresa no PagSeguro, pedindo providências e ameaçando recorrer às medidas legais cabíveis, como processos individuais e coletivos.

Na segunda-feira (17), alguns desses emails foram respondidos, pedindo comprovantes de compra e dados bancários ou dizendo que os estornos estavam agendados. Oito pessoas relatam já ter recebido transferências.

Mas o processo segue nebuloso e sem organização, como tudo que permeia esta história.

A MiStore Brasil pertencia à Action Sales Companhia Digital Ltda., de propriedade de Anderson Figueredo dos Santos. Mas os boletos tinham como beneficiário a PAD Eletrônicos, em nome de Paulo Andrey Silva Dias, que também era proprietário de outra loja online não-oficial, a Huawei Store Brasil.

Já as faturas de quem pagou via cartão de crédito foram emitidas pela JCell (JH Eletrônicos), de Jorge Juarez Krause - a única empresa envolvida que ainda está com CNPJ ativo.

As transferências realizadas até agora foram em nome da própria PAD Eletrônicos ou de uma quarta pessoa, Mauricio Pedro da Silva.

Quem vai conseguir o reembolso?

Por enquanto, as poucas transferências bancárias foram realizadas para quem pagou por boleto, em nome da PAD Eletrônicos. Se você também foi lesado dessa forma, entre em contato diretamente com a empresa. Envie um email relatando seu caso, com comprovantes da compra e dados bancários, para: padeletronicos@gmail.com.

A resposta pode demorar dias ou semanas. Mesmo assim, Insista e exija seus direitos.

Para quem pagou por cartão, em nome da JCell ou MiStore, não há relatos de respostas da própria loja. A opção é insistir nas intermediadoras ou no seu banco e buscar aconselhamento jurídico.

Poucas pessoas que pagaram pelo PayPal, que tem um programa de proteção mais amplo, conseguiram o reembolso, contanto que tivessem aberto a reclamação no período estipulado de 45 dias. Como a loja "enrolou" os clientes, primeiro alegando atrasos na transportadora, alguns perderam esse prazo.

Outros que recorreram ao banco/operadora do cartão receberam um "crédito de confiança": o dinheiro foi devolvido na fatura, mas pode ser cobrado novamente dependendo da análise do caso. Alguns fatores que podem influenciar nessa análise são o bom relacionamento do cliente, a boa vontade do atendimento e de seguros ou outros serviços associados ao cartão. Os relatos de sucesso do chamado "chargeback", em geral, são do NuBank.

O prejuízo

A MiStore Brasil era o principal site não-oficial de compra de celulares Xioami até o retorno da gigante chinesa ao Brasil, em maio de 2019. Durante dois anos, ele entregou os produtos normalmente, apesar de alguns problemas de atendimento, procedimentos nebulosos e informações cadastrais suspeitas.

O número de clientes lesados no fechamento do site pode passar de 1.000, com prejuízo médio de R$ 1,2 mil (compra de um smartphone), totalizando um golpe que pode passar de R$ 1,5 milhão.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que diz o texto, o PagSeguro reembolsou clientes que acionaram a plataforma em até 30 dias após a compra. O texto dizia que isso dependia de dinheiro na conta do vendedor, mas isso só em casos de disputas abertas após 30 dias da data da compra. O texto foi corrigido.