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Passinho do RG: o jeito como você dança é único como a impressão digital

Estudo mostrou que máquinas conseguem nos identificar apenas pela forma que dançamos - Juan Camilo Navia/ Unsplash
Estudo mostrou que máquinas conseguem nos identificar apenas pela forma que dançamos Imagem: Juan Camilo Navia/ Unsplash

Letícia Sé

Colaboração para Tilt

24/01/2020 04h00

Sem tempo, irmão

  • Estudo acaba de demonstrar que cada um de nós tem um jeito único de dançar
  • Computador pode detectar que é você dançando, mesmo ao som de estilos diversos.
  • Descoberta sobre a identificação da personalidade humana na dança foi acidental.
  • Cientistas usaram tecnologia de captura de movimento para mapear corpos.

Não adianta querer fazer o quadradinho igual ao da Anitta. Nem sambar como a Sabrina Sato. Um estudo acaba de demonstrar que cada um de nós tem um jeito único de dançar, como uma impressão digital. E mais: um computador pode detectar que é você arrasando na pista, mesmo ao som de estilos musicais diversos.

Para o estudo, os pesquisadores colocaram 73 pessoas para dançar espontaneamente na frente de um computador ao som de oito gêneros musicais diferentes - blues, country, música eletrônica, jazz, metal, pop, reggae e rap.

A descoberta sobre a identificação da personalidade humana na dança foi acidental. Os pesquisadores, a princípio, tinham como objetivo testar uma inteligência artificial. "Queríamos ver se poderíamos usar o aprendizado de máquina (machine learning) para identificar qual gênero de música nossos participantes estavam dançando com base nos movimentos", afirmou Emily Carlson, cientista responsável pela descoberta no Centro de Pesquisa Interdisciplinar em Música da Universidade de Jyvaskyla, na Finlândia.

O grupo de cientistas usou uma tecnologia de captura de movimento - aquela usada em Hollywood e no desenvolvimento de games, com a gravação de atores humanos para animar modelos de personagens digitais - para mapear os corpos dos dançarinos.

O que eles perceberam foi a baixa precisão da máquina (que acertou só 30% da amostragem) em reconhecer estilos musicais pelas danças. Por outro lado, o computador teve 94% de precisão para reconhecer quem era o dançarino pela proximidade dos movimentos individuais em diferentes ritmos. Outro pesquisador envolvido na descoberta, Pasi Saari disse que "cada pessoa tem uma assinatura única em seus movimentos, que se mantém não importa qual seja a música."

A tecnologia ainda não é totalmente precisa porque alguns gêneros, como o metal, confundiram a inteligência artificial. "É provável que o metal tenha feito com que mais dançarinos se movessem de maneira semelhante, dificultando sua diferenciação", disse Carlson sobre como o gênero musical está associado a agitar a cabeça.

Nos últimos anos, pesquisas do centro de estudos finlandês têm se dedicado a entender a relação humana com musicalidade e dança e para entender o que os movimentos dizem sobre nós, humanos: se somos neuróticos ou extrovertidos, qual nosso humor no momento da dança e como é nossa sociabilidade. No fundo, os cientistas querem descobrir por que a música nos afeta.

"Estamos mais interessados no que esses resultados nos dizem sobre a musicalidade humana do que em aplicá-los na área de vigilância", disse Emily Carlson.

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