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Tela futurística que mudará aeroportos foi a coisa mais bizarra da CES 2020

Delta vai começar a testar tela futurística que mostra mensagens diferentes para cada pessoa - Reprodução
Delta vai começar a testar tela futurística que mostra mensagens diferentes para cada pessoa Imagem: Reprodução

Gabriel Francisco Ribeiro*

De Tilt, em Las Vegas (EUA)

16/01/2020 04h00

Sem tempo, irmão

  • CES 2020 apresentou tendências para a aviação do futuro
  • Uma das tecnologias mais bizarras do evento é da Delta: telas futurísticas
  • Visores mostram coisas diferentes para pessoas lado a lado --e é assustador
  • Além disso, aérea quer criar superapp e até entregar bagagem direto no hotel
  • Realidade virtual, turismo com IA e outras tendências também passaram pela CES

Antes da CES 2020 começar, os organizadores da feira de tecnologia de Las Vegas prometeram uma novidade: iríamos ver uma nova série de empresas mostrando como serão as nossas "viagens do futuro". Apesar de a promessa ter sido maior do que a realidade, realmente o evento mostrou novidades marcantes para os próximos anos do setor.

A principal empresa a mostrar essas tendências foi a aérea Delta, que pela primeira vez fez uma conferência para anunciar novidades no maior evento de tecnologia do mundo —a companhia conta até com acelerações de startups que acabam gerando mudanças para os passageiros.

Uma tela, várias mensagens diferentes

A tecnologia mais impactante é uma chamada "realidade paralela" que, para mim, é uma das coisas mais impressionantes da feira em 2020. Pude participar de uma demonstração no estande da companhia e saí impactado: a novidade permite gerar em uma mesma tela diferentes visões para pessoas que estão olhando para o objeto.

É meio difícil de entender e mais fácil (e assustador) ver ao vivo -você pode conferir mais no tuíte abaixo. Basicamente, a Delta fez uma parceria com uma empresa chamada Misapplied Sciences para começar a colocar, em aeroportos, telas que mostram coisas diferentes para cada viajante —sem precisar de óculos especiais ou nada do tipo. Tudo a olho nu.

Estou até agora sem entender como a tecnologia em si funciona exatamente, mas a Delta diz que usa um novo tipo de pixel com novas capacidades, como projetar milhões de raios de luz de diferentes cores e brilhos. Cada raio, então, pode ser direcionado para uma única pessoa. É simplesmente bizarro.

Para saber a qual pessoa direcionar cada conteúdo, a Delta vai usar no teto de aeroportos uma câmera que capta a forma do corpo da pessoa —nada de reconhecimento facial. Testei isso na experiência da CES e foi de cair o queixo.

Peguei uma passagem fictícia para Paris e, ao entrar na área do teste, a tela mostrava para mim a mensagem: "Olá, Gabriel Ribeiro. Bem-vindo ao aeroporto do futuro". Perguntei para uma pessoa que estava logo ao meu lado o que ela via na tela e ela disse que aparecia o nome "Philipe". Fiquei chocado.

A única falha ocorreu quando essa pessoa veio no meu espaço para tentar ver o meu nome e, aí, a tecnologia acabou se perdendo e tive que escanear a passagem de novo. O recurso ainda está em fase de testes.

Segundo a Delta, até 100 pessoas poderão ver em aeroportos mensagens personalizadas como o portão em que devem ir ou em qual esteira estará suas bagagens —imagina só que sonho não ter que procurar o voo naquela tela, como fazemos agora. E isso não está longe de virar realidade: os testes já começam neste ano em Detroit. Passageiros podem optar ou não em participar dessa maluquice futurística.

Experiência completa

A Delta ainda planeja mudar a aviação em outros aspectos, como ao oferecer uma experiência "completa" para passageiros. Isso rolará por meio do seu app, que a empresa pretende transformar em um "superapp".

Por meio dele, o usuário poderá, por exemplo, chamar um carro para se deslocar ao aeroporto —por enquanto, a parceria é com a Lyft. O app avisará até sobre trânsito e condições meteorológicas, ou atraso no voo, para você saber exatamente quando deve sair de casa para o aeroporto.

Além disso, a Delta quer oferecer entretenimento não só enquanto a pessoa está dentro da aeronave, mas durante toda a experiência a partir do check-in. Vai dar até para começar um filme fora do avião e continuar dentro dele.

Outra novidade é que a empresa pretende colocar, dentro das telas, opções de compra de passeios no destino e até recomendações entre passageiros —você poderá pedir sugestões, e outras pessoas no avião vão te responder.

Mas o mais legal está no fim da jornada. A intenção da Delta é colocar uma opção em que o passageiro poderá receber a bagagem direto no hotel "em algumas horas após o voo" —nada de ficar esperando na esteira e perdendo tempo da viagem. Ainda não há uma data para isso virar realidade e nem explicações de como funcionaria, caso ocorram problemas com a mala na aduaneira.

A CES das viagens

Este foi só o primeiro ano da CES com foco maior em viagens —é possível que isso seja ampliado nos próximos. Além da Delta, a LG mostrou futuras telas de aviões para as laterais das cabines executivas que podem ficar transparentes. A ideia é que elas sejam separadoras de corredores e podem servir como extensões da imersão da tela principal, ou realizar outras funções.

A CES também teve painéis que discutiram o futuro do "turismo inteligente", como inteligência artificial analisando seus gostos para sugerir destinos ou hotéis mais apropriados, e a introdução das realidades aumentada e virtual nas viagens.

A Delta, claro, não é a única empresa a tentar redefinir a experiência de viajantes por meio da tecnologia. Companhias como British Airways, Virgin America e outras já fizeram o mesmo na área, com inovações que tentam tornar viagens mais prazerosas antes do destino. Será que em 2021 veremos uma invasão de aéreas para a CES, como rola com os carros atualmente?

* O repórter viajou a convite da LG

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