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Windows 7: por que tanta gente ainda usa o sistema que a Microsoft 'matou'?

Windows 7 foi lançado no final de 2009 - Getty Images
Windows 7 foi lançado no final de 2009 Imagem: Getty Images

Helton Simões Gomes

De Tilt, em São Paulo

14/01/2020 16h19

A partir desta terça-feira (14), a Microsoft deixará de oferecer atualizações de segurança ao Windows 7, a segunda versão mais usada do sistema operacional entre os brasileiros. Os seus fãs podem continuar a usar seus computadores, mas estão mais vulneráveis a cibercriminosos. O que explica a fidelidade delas ao Win7 é um misto de comodidade, falta de recursos e até uma pitada de aversão às mudanças.

Não foi por falta de aviso. A Microsoft informa qual é o ciclo de suporte de seus serviços, e o do Windows 7, lançado em 2009, foi de dez anos. Para Fabio Souza, gerente de soluções da Brasoftware, revendedora de softwares como os da Microsoft, são outros os motivos que explicam tamanha persistência em um serviço obsoleto.

Segundo a StatCounter, empresa de análise de dados de eletrônicos, 24% dos brasileiros que usam Windows são adeptos do Windows 7 —ele só perde para o Windows 10, a última versão. Como 89% dos computadores rodam alguma versão do sistema operacional da Microsoft, o Win7 está presente nos PCs de 21% dos brasileiros.

Para o especialista da Brasoftware, são quatro as razões por trás do "amor" ao Windows 7:

  1. Incompatibilidade com outras aplicações;
  2. Hardware precário;
  3. Sem contrato de licenciamento;
  4. Aversão a mudança.

Incompatibilidade

Este caso atinge principalmente empresas. Muitas delas não atualizam para a versão mais atual porque tem um legado de aplicações antigas que não estão preparadas para rodar em novos sistemas. "Ele diz que não consegue mudar porque tem aquele programa do RH só roda em Windows 7. Às vezes, aquela aplicação é feita dentro de casa, não tem atualização, fica meio jogada, mas não dá para migrar, senão tudo para de funcionar", diz Souza

Hardware antigo

Não custa lembrar que o Windows precisa de um computador, e as versões mais atuais precisam de máquinas mais robustas. A resistência a atualizar um PC antigo é algo que torna o Windows 7 um querido. "A gente vê muitas empresas com parque de máquinas antigo e elas não rodam sistema operacional muito atual, por já ser um hardware muito antigo e degradado. Aí tem que colocar memória, trocar componente ou até adquirir outra máquina antes de migrar." Tudo isso custa dinheiro, que pesa na hora de dar um tapa no sistema.

Licenciamento

O Windows não é de graça. Há diferentes modelos de compra, como uma nova licença de uso ou a assinatura, que dá direito ao upgrade para uma versão mais atualizada. A versão Home do Windows 10 custa R$ 730. Se um usuário comum torce o nariz ao ver esse valor, imagine uma empresa que possui centenas ou milhares de terminais.

"Há cliente que tem hardware compatível, as aplicações estão preparadas, mas, quando vai atrás dos valores, ele tem um contrato antigo que não dá direito de atualização. Em alguns cenários, os clientes pararam no tempo e não pagaram o valor anual para a Microsoft, o que permitiria migrar para um sistema operacional mais recente", diz Souza.

Aversão à mudança

O quarto fator que explica tanta gente ainda usando o Windows 7, diz o gerente da Brasoftware, é a cultura de uso. E isso é mais comum entre consumidores finais, que criam certo afeto por aquilo com que estão acostumados dentro de casa. "Quando as pessoas se adaptam a um sistema operacional, como o Windows 7, que veio revolucionar o mercado depois do fracasso Windows Vista, elas não migram porque gostaram do sistema operacional. Há uma cultura de resistência à adoção do que é novo."

Motivos à parte, segurança é importante

Seja lá o motivo que fez alguém manter um sistema operacional obsoleto, o fato é que essa pessoa está um pouco mais insegura. Sem os reparos de segurança enviados pela Microsoft ou as correções de falhas, é possível que o sistema passe a acumular brechas que o deixem mais vulnerável a ataques digitais.

"Se o consumidor ligar o computador, o aparelho vai continuar funcionando. A diferença é que não vai ter a proteção de segurança. Com isso, os hackers vão passar a criar vírus específicos para Windows 7, e isso vai começar a impactar a privacidade do usuário", explica Souza.

O diretor da equipe de investigação e análise da Kaspersky na América Latina, Dmitry Bestuzhey, não tem dúvida de que essas vulnerabilidades serão exploradas por criminosos.

"Sabemos que há usuários que optam por não atualizar o sistema operacional, seja por custo, hábito ou porque outros programas não são compatíveis com as versões mais recentes. No entanto, um sistema operacional obsoleto que não possui correções de segurança é um risco muito grande à cibersegurança", afirma Bestuzhev. A solução para donos de PCs e notebooks, afirmam os especialistas, é inevitável: migrar para o Windows 10.

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