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Nada de controle humano: caça autônomo australiano será testado neste ano

O Airpower Teaming System, caça autônomo desenvolvido pela Boeing em parceria com a Austrália - Boeing/Divulgação
O Airpower Teaming System, caça autônomo desenvolvido pela Boeing em parceria com a Austrália Imagem: Boeing/Divulgação

Rodrigo Trindade

De Tilt, em São Paulo

03/01/2020 18h24

Sem tempo, irmão

  • Apelidada de Loyal Wingman, aeronave é fruto de parceria com a Boeing
  • Objetivo é poupar vidas de pilotos e determinar autonomia dos caças
  • Vários caças com sensores "baratos" compartilhariam dados melhor do que único avião
  • Ideia é que avião seja incorporado à Força Aérea australiana nos próximos anos

A Austrália testará seu primeiro caça autônomo neste ano. Sim, é isso mesmo que você leu: será um avião sem a presença ou sequer o controle de um piloto humano. Em parceria com a Boeing, a Raaf (Força Aérea Real Australiana) revelou o veículo no ano passado e prepara seu primeiro voo em uma localização não revelada. A ideia é integrar a tecnologia às suas forças armadas daqui a pelo menos cinco anos.

Chamado Airpower Teaming System, mas conhecido como Loyal Wingman, o caça tem 11 metros de comprimento. Os três protótipos da parceria da Raaf com a Boeing serão usados para experimentos que poderão automatizar o combate aéreo, poupando assim a vida de pilotos da frota.

"Não tem ninguém dizendo, fisicamente, para o sistema ir iterativamente para cima, esquerda, direita ou para baixo", explicou Darren Goldie, comodoro da Raaf, em entrevista ao IEEE Spectrum.

O Loyal Wingman foi pensado como uma aeronave de baixo custo para ações em equipe. Formações com vários caças —sendo cada um deles munido de um sensor "barato"— compartilhariam informações de voo mais ricas do que um único avião autônomo com um sensor mais caro e avançado. Além da atuação melhor, o sistema minimizaria problemas de interferência em cada caça.

Com esta aeronave autônoma, a Austrália pretende aumentar o tamanho de sua força aérea de uma maneira econômica. A ideia é que as várias unidades do Loyal Wingman acompanhem outros aviões de combate do país, contribuindo na coleta de dados, interferindo em sistemas eletrônicos inimigos, soltando bombas ou derrubando outros aviões. Sim, é mais um caso de robô capaz de matar.

Com caças que voem sozinhos, o país teria condições de se defender de potências militares nas imediações, como a China. A ausência de pilotos é apontada como uma vantagem no desenho da aeronave.

"A habilidade de remover o humano significa que você está permitindo uma mudança no design da aeronave, pronunciada particularmente na parte frontal da fuselagem", afirma Goldie.

Ao longo dos testes, a Raaf irá definir os parâmetros da autonomia do Loyal Wingman, respondendo perguntas difíceis como se o caça voltará para base para reabastecer quando o combustível estiver acabando ou se ele se sacrificará para proteger uma aeronave com um piloto humano.

Algumas outras dúvidas ficarão no ar, como as vulnerabilidades de um avião sem piloto. Ele poderá ser alvo de ataques cibernéticos que derrubem ou confundam seus sistemas, assim como seus componentes eletrônicos podem sofrer com recursos eletromagnéticos.

Australianos não estão sozinhos na criação de armas autônomas: Estados Unidos, China, Reino Unido, Rússia, Israel e Coreia do Sul têm avançado neste campo. Empresas privadas trabalham com países nesta empreitada, mas, como demonstrado pelo Google em 2018, funcionários têm colocado freios nessas alianças.

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