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Marinha dos EUA "declara guerra" ao app chinês TikTok

App chinês TikTok conquistou crianças e adolescentes em todo mundo - Getty Images
App chinês TikTok conquistou crianças e adolescentes em todo mundo Imagem: Getty Images

Helton Simões Gomes

De Tilt, em São Paulo

21/12/2019 17h21

Sem tempo, irmão

  • Marinha dos EUA proibiu uso do TikTok em celulares cedidos pelo governo
  • Oficiais que não cumprirem ordem não poderão acessar a intranet
  • Sem dar muitos detalhes, Pentágono diz que app oferece risco aos usuários
  • Não é a primeira vez que o governo dos EUA age contra o TikTok
  • Está em curso uma revisão da aquisição do Musical.ly que originou o TikTok

O aplicativo TikTok é um sucesso entre jovens de todo mundo, mas é visto com maus olhos pelas autoridades dos Estados Unidos que lidam com segurança nacional. O mais novo capítulo da série de hostilidades abertas contra o serviço de vídeos curtos foi protagonizado pela Marinha, que proibiu a instalação do app em smartphones usados pelos oficiais por considerá-lo uma ameaça à segurança cibernética.

A ordem foi dada na terça-feira (16), segundo informações da agência de notícias Reuters. Quem não possui o app ficará proibido de baixá-lo. Aqueles que já tiverem o serviço instalado em seu celular terão de apagá-lo.

Como distribui smartphones para os oficiais em serviço, o governo dos EUA emite de tempos em tempos circulares vetando o uso de determinados programas. É claro que há quem não cumpra essas regras. Aqueles que mantiverem o TikTok em seus aparelhos terão o acesso à intranet da Marinha bloqueado.

A Marinha não detalhou em que grau o app é perigoso. O porta-voz do Pentágono, tenente-coronel Uriah Orland, disse apenas que a ordem é parte de um esforço para "ameaças existentes e emergentes". A circular, acrescente Orland, "identifica um potencial risco associado ao uso do TikTok e ordena uma ação apropriada para funcionários tomarem e, assim, resguardarem suas informações pessoais".

Não é a primeira investida do governo dos EUA contra o TikTok. No mês passado, os cadetes do Exército dos EUA foram instruídos a não usar o TikTok, após o senador Chuck Schumer manifestar preocupação com o fato de o aplicativo ser usado no recrutamento militar.

A administração federal norte-americana já abriu uma revisão da aquisição do Musical.ly pela chinesa Bytedance. Foi essa transação que deu origem ao TikTok.

O negócio que movimentou US$ 1 bilhão foi concluído há dois anos, mas os parlamentares começaram em 2019 a pressionar o Executivo para rever a aquisição. Eles veem claros indícios de que o app chinês censura conteúdo político sensível.

Durante os protestos de Hong Kong contra o governo local, aliado da China, o TikTok foi flagrado escondendo vídeos que mostravam as aglomerações gigantes de manifestantes, que chegavam a reunir 1 milhão de pessoas, ou postagens críticas ao regime político.

Os parlamentares também passaram a questionar como o serviço armazena dados pessoais de seus usuários. A cisma é grande, ainda mais porque jovens e adolescentes são fãs da plataforma. Dos 26,5 milhões de pessoas que usam o TikTok nos EUA, 60% têm entre 16 e 24 anos.