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Como aquelas "canecas mágicas" mudam de cor quando recebem líquido quente?

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt

19/12/2019 04h00

Você já deve ter visto em sites de compras a oferta por "canecas mágicas" que mudam de cor ou mostram algo escrito nela quando joga dentro um líquido quente. Mas você sabe como a tal "mágica" acontece? Na verdade não tem feitiçaria alguma: é química pura, com o calor reagindo a um composto que faz parte da composição do objeto.

O bacana é que essa inovação não serve apenas para escrever "bom dia" na caneca de café. É usado também na indústria e também serve para coisas frias.

A "culpa" pela mudança de cor —ou surgimento de mensagens— nesses recipientes é dos chamados compostos termocrômicos. Essas substâncias são usadas para "imprimir" o desenho, a mensagem ou o que quer que seja "disparado" pelo calor.

Essa mudança se dá por causa de uma reação química reversível. O calor, no caso, altera a estrutura química do pigmento que, por sua vez, acaba mudando de cor. Uma vez que a temperatura caia, a estrutura do composto volta ao normal —por isso a reação é reversível.

E como essa mudança de estrutura faz com que a gente enxergue outras cores? A razão para isso é que, com ela, também muda a parte do espectro eletromagnético da luz visível que é absorvido pelo material. A radiação que não é absorvida, portanto, acaba sendo percebida como luz.

Em alguns modelos de caneca, o que rola é o uso de tintas que usam cristais em sua composição. Conforme elas são aquecidas, esses cristais se mesclam com a tinta, alterando suas propriedades óticas e a tornando transparente, revelando o que há por baixo dessa camada de tinta.

Há outras aplicações para essa tecnologia?

Sim. Tintas que mudam de cor conforme a temperatura podem ser usadas em aplicações industriais. Um exemplo são canos que variam de temperatura. Nesse caso, esses pigmentos poderiam sinalizar áreas quentes e, com isso, evitar acidentes.

Essas tintas só funcionam com temperaturas elevadas?

Não. Da mesma forma que há tintas que mudam de opacidade e de cor conforme a temperatura aumenta, há exemplos de pigmentos que variam quando a temperatura está baixa, como os usados em latas de cerveja há alguns anos.

Limpeza pode estragar essas canecas?

Depende. Não há referências de que detergentes reajam com a tinta termocrômica. Mas, usar materiais abrasivos pode remover a tinta e estragar o objeto.

Fonte: professor José Luiz Fejfar, do curso de Engenharia Química do Instituto Mauá de Tecnologia

Toda quinta, Tilt mostra que há tecnologia por trás de (quase) tudo que nos rodeia. Tem dúvida de algum objeto? Mande para a gente que vamos investigar.