Topo

Tecnologia é a esperança para salvar rinocerontes da extinção

Fêmea de rinoceronte-branco na reserva queniana de Ol Pejeta - Tony Karumba/AFP
Fêmea de rinoceronte-branco na reserva queniana de Ol Pejeta Imagem: Tony Karumba/AFP

De Tilt, em São Paulo

25/11/2019 14h44

Cientista de Cremona, no norte da Itália, anunciaram no começo de setembro que conseguiram criar em laboratório dois embriões de rinoceronte-branco do Norte (Ceratotherium simum cottoni). A tecnologia é o pontapé para tentar salvar a espécie da extinção.

Nesta segunda-feira (25), morreu o último espécime de rinoceronte de Sumatra (Dicerorhinus sumatrensis) vivo na Malásia, uma fêmea de 25 anos chamada Iman, que tinha câncer. Restam cerca de 80 espécimes do tipo vivos. O último rinoceronte-branco do norte macho, Sudan, morreu em 2018. Restam apenas duas fêmeas dessa espécie. Fica, por tanto, cada vez mais evidente o risco de extinção desses animais.

Usando os óvulos das duas últimas fêmeas vivas e o esperma congelado dos machos mortos, uma equipe internacional de cientistas conseguiu criar com êxito dois embriões de rinoceronte-branco do Norte, que serão mantidos em nitrogênio líquido a uma temperatura muito baixa para serem transferidos para uma mãe portadora em um futuro próximo.

Estes embriões representam a última esperança para o rinoceronte-branco do Norte, uma das duas subespécies do rinoceronte branco.

"Do Quênia, transportamos dez óvulos, cinco de cada fêmea", explicou o professor Cesare Galli, diretor da Avantea, uma empresa de Cremona altamente especializada na reprodução animal. "Depois da incubação (...) sete óvulos foram considerados aptos para a fertilização, quatro de Fatu e três de Najin", afirmou o especialista à época.

Destes sete óvulos, quatro foram inseminados com o esperma de um rinoceronte e três com o do outro. Depois de dez dias de incubação, dois óvulos de Fatu se converteram em embriões, os quais serão preservados para sua futura transferência.

No entanto, ainda existem obstáculos: nenhuma das duas fêmeas vivas que vivem em Ol Pejeta (Quênia) conseguiu terminar uma gravidez com sucesso. Fatu sofre de lesões degenerativas no útero e Najin sofre uma fragilidade nos membros posteriores, incompatível com uma gravidez. Um caminho seria implantar os embriões em fêmeas de rinocerontes-brancos do sul, mas a técnica ainda não foi desenvolvida.

"Ainda temos um longo caminho para recorrer", reconhece o gerente-geral do centro de conservação Ol Pejeta, Richard Vigne.

Atualmente há cinco espécies de rinocerontes no planeta, entre elas os rinocerontes-negros e os rinocerontes-brancos, que se encontram na África. O rinoceronte-branco do norte é geralmente considerado uma subespécie do rinoceronte-branco, mas os cientistas emitiram a hipótese de que poderia se tratar de uma espécie única.

Em seu meio natural, os rinocerontes sofrem com poucos predadores, devido a seu tamanho e a sua pele espessa. Mas as supostas virtudes medicinais atribuídas na Ásia a seu chifre alimentaram nos anos 1970 e 80 uma implacável caça ilegal que dizimou o rinoceronte-branco do norte em Uganda, República Centro-Africana, Chade, República Democrática do Congo e no atual Sudão do Sul. (Com AFP)