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Mate X: colocamos as mãos no smartphone dobrável da Huawei

Helton Simões Gomes

De Tilt, em São Paulo

14/11/2019 22h00

Sem tempo, irmão

  • Mate X, o smartphone dobrável da Huawei, começa a ser vendido na China
  • Aparelho promete revolucionar mundo dos smartphones ou ser grande decepção
  • Tilt já colocou as mãos no celular e conta quais foram as primeiras impressões
  • Segurar o aparelho sem culpa e desdobrá-lo são os dois principais desafios iniciais
  • Tirar fotos e selfies com ele é outra coisa difícil de aprender logo de cara

Aos poucos, os smartphones dobráveis estão deixando de ser uma simples promessa e ganhando jeitão de segmento do mercado. Quase dois meses depois de a Samsung colocar o Galaxy Fold à venda na Coreia do Sul, é a vez de a Huawei levar o Mate X para as prateleiras na China.

A fabricante chinesa começa a vender seu smartphone com tela flexível por 16.999 yuans (R$ 10.100) nesta quinta-feira (14) - mas já é sexta-feira (15) na China. Tilt colocou as mãos no aparelho antes de ele chegar às lojas chinesas e conta como é usar o aparelho, candidato tanto a revolucionar o mundo dos celulares inteligentes quanto a protagonizar a decepção da década.

A tensão de segurar um celular

O primeiro desafio é segurar o aparelho. Em seu estado dobrado, ele parece um celular convencional. Só que na parte traseira, também há tela. Por isso, ao segurá-lo, é inevitável pensar na quantidade de marcas de dedo que ficarão na tela quando o dispositivo for completamente aberto.

Desdobrá-lo é outra coisa estranha. Todas as vezes em que fiz isso, tomei todo cuidado para não exagerar na força e quebrar tudo. Mesmo com todo cuidado, a dobradiça do smartphone insistia em soltar um rangido de algo que se quebra - aquele "crack" que precede o pensamento, "ih, deu ruim"; felizmente, não deu.

A(s) tela(s)

O segredo da tela poder dobrar e desdobrar é a combinação de duas tecnologias. O display é feito de OLED, um material orgânico que, por ser mais flexível, permite ser flexionado sem deformar. Abaixo dela há uma dobradiça, o mecanismo responsável para o celular dobrar e é chamado de Asas do Falcão ("Falcon Wing").

A tela do Mate X pode assumir três configurações. Quando dobrado, a face principal tem 6,6 polegadas (16,7 cm) e a outra tem 6,38 polegadas (16,2 cm) — o que por si só já faria dele um dos maiores displays do mercado. Quando aberto, a tela chega a 8 polegadas (20,3 cm), tamanho próximo ao de um iPad mini.

Quando o celular está aberto, faz sentido falar em função multitarefas para smartphones. Dá para usar dois apps diferentes ao mesmo tempo, cada um em sua metade do display.

Para abrir o aparelho, é preciso clicar em um botãozinho que fica logo abaixo das câmeras traseiras. O botão de liga/desliga fica na lateral e também faz as vezes de leitor de impressões digitais.

Essa solução de design, em que os botões e as câmeras são concentrados na parte traseira e lateral, fazem com que a tela do Mate X não tenha entalhes, detalhe que virou comum em smartphones para acomodar as câmeras de selfie.

Se você está se perguntando se o Mate X cabe no bolso, tome nota: aberto, ele possui 0,54 cm de espessura; fechado, 1,1 cm. Ou seja, fininho.

Aprendendo a usar as câmeras

Uma coisa difícil de sacar logo de cara é como tirar uma boa e velha selfie. Aliás, tirar fotos em geral não é algo similar ao que ocorre em outros aparelhos.

Os smartphones que a gente usa costumam vir com várias câmeras traseiras e uma câmera na frente, a de selfie. O Mate X possui um só conjunto de câmeras. Nas costas dele, há quatro sensores.

É possível fotografar o que está na sua frente com o celular aberto ou dobrado. Até aí, sem problema - a diferença é que a imagem exibida na tela pelo aparelho desdobrado parece mais ampla, mas é só impressão; o resultado é o mesmo.

Tirar uma selfie, porém, é algo que requer jogar fora tudo que você aprendeu. Em dispositivos convencionais, a gente se acostumou a clicar em um botão para fazer a imagem mostrada na tela ser aquela captada pela câmera dianteira. No Mate X, você só tira selfie quando ele está dobrado e funciona assim:

  • tela principal, você clica no botão de selfie, e a tela traseira começa a exibir o que está captando;
  • para tirar uma selfie, você deve virar o celular para ser enquadrado pelo conjunto quádruplo de câmeras.

Processador feito em casa

O chip é o Kirin 980, de última geração, equivalente ao Snapdragon 855, da Qualcomm, e um modem Balong 5000, que dá o acesso ao 5G. Ambos os componentes são feitos pela própria Huawei.

A bateria tem potência de 4.500 mAh. Até que é um bom número, mas ainda não dá para saber se ela aguenta o tranco de abastecer esse dobra e desdobra da tela.

Vieram para ficar?

Até esta quinta-feira, os dois principais representantes da categoria dos smartphones dobráveis eram Galaxy Fold, da Samsung, e Mate X, da Huawei. Agora, ganharam a companhia do Razr, da Motorola. Sim, um dos celulares mais queridinhos dos anos 2000 ganhou uma nova vida. Ele continuará a ser flip, mas as duas faces do aparelho são uma só tela flexível.

Com data para chegar às lojas marcada para janeiro de 2020, o novo Razr custará US$ 1.500 (R$ 6.300). Com esses celulares, praticamente muda a forma como você aprendeu a interagir com um smartphone. Só que, por esse precinho, pode demorar um tempo até que você queira dobrar esse celular e colocá-lo no bolso.

Ficha técnica do Huawei Mate X

Tela principal: 8 polegadas Oled (2.480 x 2.200 pixels)
Tela externa: 6,6 polegadas (frontal) e 6,38 polegadas (traseira)
Processador: Kirin 980
Memória: 8 GB de RAM, 512 GB de armazenamento
Bateria: 4.500 mAh com carregamento rápido (SuperCharge)

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado, o celular fechado tem 1,1 cm de espessura.