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Maravilha tecnológica, Projeto Gemini é filme para sala de cinema do futuro

Cena de Will Smith mais jovem em Projeto Gemini - Divulgalção
Cena de Will Smith mais jovem em Projeto Gemini Imagem: Divulgalção

Rodrigo Trindade

De Tilt, em São Paulo

11/10/2019 15h44

Sem tempo, irmão

  • Filme de Ang Lee com Will Smith traz uma nova geração de 3D para o cinema
  • Além do 3D, longa foi gravado em 120 quadros por segundo e 4K
  • Poucas salas no mundo são estão prontas para tanta tecnologia hoje em dia
  • Paramount explica que lançamento comercial foi planejado para taxas de quadros menores

Desde que filmes passaram a ter som, a tradição do cinema é ter vídeos exibidos com 24 quadros por segundo. Lançado na quinta-feira (10) no Brasil, "Projeto Gemini", filme dirigido por Ang Lee e estrelado por Will Smith, arrebenta com esse parâmetro. O longa-metragem foi feito para exibição em 3D+, uma nova geração do efeito tridimensional alcançado com o uso dos —desconfortáveis— óculos especiais.

Para que o efeito funcione, o filme eleva os padrões de projeção cinematográficos a 120 quadros por segundo e resolução 4K. É tanta imagem e resolução que pouquíssimos cinemas são capazes de uma reprodução de acordo com a ambiciosa visão de Lee, que digitalizou um clone rejuvenescido de Will Smith para contracenar com o ator de verdade.

O diretor de "A Vida de Pi", longa que levou quatro estatuetas do Oscar (uma de melhores efeitos especiais), já havia apostado nos 120 quadros por segundo, 4K e 3D em "A Longa Caminhada de Billy Lynn", que estreou em 2016. No entanto, a bilheteria do filme foi de apenas US$ 30,9 milhões em todo mundo, o que não motivou que cinemas investissem em equipamentos compatíveis com tanta tecnologia visual.

A tradicional estreia hollywoodiana no Teatro Chinês, em Los Angeles, utilizou o sistema de projeção CINITY HFR, desenvolvido em conjunto pela americana Christie Digital com as chinesas Huaxia Film Distribution e GDC Technology. Este deu conta das exigências técnicas da produção de Lee, mas não há nenhum sistema do tipo disponível nos cinemas americanos.

Caso inusitado, mas dentro do planejado

Sim, o filme americano "Projeto Gemini" não poderá ser assistido nos Estados Unidos nas condições ideais desejadas por seu diretor. A empresa Dolby Cinema confirmou ao site Polygon que somente 14 cinemas americanos irão exibir o longa com a taxa de 120 quadros por segundo, mas "apenas" em 2K. Segundo o site, só alguns cinemas na Ásia reproduzirão a obra de Lee da forma exata como ele a concebeu.

O estúdio Paramount Pictures, responsável pela distribuição do filme, explica que esse cenário curioso era esperado, pois a infraestrutura tecnológica necessária ainda não está disponível na maior parte do mundo. Do ponto de vista comercial, a ausência do equipamento que projete exatamente o que Lee filmou não é preocupante. O objetivo é exibir "Projeto Gemini" em salas capazes de gerar o efeito 3D+.

No Brasil, das 658 salas em que o filme estreou, 430 o exibem com a nova geração do efeito tridimensional. Todas essas sessões serão em 60 quadros por segundo e, nos cinemas equipados, terão 4K. Naquelas em que não houver 3D, o filme rodará de acordo com a tradição cinematográfica: 2D e 24 quadros por segundo.

Líder na modernização

Ang Lee chegou a declarar que espera que "Projeto Gemini" motive empresas e outros diretores a se juntarem a ele, produzindo outros filmes com essa tecnologia. Como ele é o único, não há demanda para que as empresas que operam salas de cinema gastem mais com equipamentos apropriados.

"Você tem que perguntar, 'um cliente está disposto a pagar mais pela experiência porque ela é tão diferenciada?' Eu não acho que estamos nesse nível ainda", disse um dono de cinema ao Business Insider.

Russell Vannorsdel, vice-presidente da rede Fridley Theatres, sediada no estado de Iowa, alertou para um desafio trazido por tecnologias como essa. "Quando se trata do pacote 120 quadros por segundo, 4K e 3D, você fala de um arquivo muito grande, cuja reprodução é desafiadora, assim como o armazenamento", destacou.