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O que é borofeno, material queridinho que pode salvar as nossas baterias?

Material pode ajudar na criação de baterias mais potentes - Getty Images/iStockphoto
Material pode ajudar na criação de baterias mais potentes Imagem: Getty Images/iStockphoto

Felipe Germano

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/04/2019 10h16

Resumo da notícia

  • O grafeno é considerado um material revolucionário, capaz de assumir diferentes formatos. Mas agora tem um concorrente de peso: o borofeno
  • O novo material tem sido o queridinho dos pesquisadores por ser mais forte, flexível e por ter alto poder de customização
  • No futuro, ele pode salvar a vida útil das baterias dos nossos celulares (e outros equipamentos)

É provável que você tenha ouvido falar do grafeno. Se não, aí vai um rápido resumo: trata-se de um material tido como revolucionário. Por conseguir assumir formas inusitadas (como globos e tubos) e ser ótimo em transmitir e armazenar calor e eletricidade, o composto químico foi apresentado como um ponto de virada na forma com que encaramos a produção de materiais.

É nele que estão depositadas, por exemplo, as esperanças de um futuro com as baterias de lítio mais poderosas e duradouras. Já pensou em ter um celular que não vai te deixa na mão?

O clamor foi tanto que gente grande entrou na onda. Em 2013 a União Europeia criou a Graphene Flagship, uma iniciativa dedicada exclusivamente a estudar e desenvolver o material. O investimento foi de US$ 1 bilhão (R$ 4,3 bilhões). A mais cara pesquisa científica da história do grupo.

O problema é que o gigantesco investimento talvez tenha sido em um material que já não é o top de linha. Cientistas estão cravando que o grafeno ficou para trás. O novo queridinho dos pesquisadores é um primo dele, com nome bem parecido: o borofeno.

Borofeno é um novo composto que foi produzido pela primeira vez só em 2015 (para efeitos de comparação, o grafeno já está por aí desde 1924) e, resumindo bem, ele é uma versão aperfeiçoada do concorrente.

Um estudo da Universidade de Xiamen, na China aponta que o borofeno é superior ao grafeno em basicamente todos os quesitos. Ele é mais forte que o outro eno e, ao mesmo tempo, mais flexível. Seu grande trunfo, no entanto, está na possibilidade de customização. O borofeno consegue existir com diferentes estruturas moleculares. Cada uma com propriedades únicas.

Imagine como um carro. O mesmo motor pode estar em um sedan, em um hatch, ou em um esportivo, dependendo das necessidades do seu dono. O borofeno faz a mesma coisa. O que é mais importante para você? Armazenar calor? Faça estrutura X! Seu foco é a transmissão de energia? Átomos alinhados de forma Y te darão um resultado melhor.

Essa é a versão simplificada da história, claro, quem quiser os detalhes técnicos do elemento pode encontrá-los no estudo chinês.

Além disso, o borofeno é extremamente leve e reativo - o que na prática é traduzido como uma alternativa ainda melhor que o grafeno, para a criação da nova geração de baterias.

Outra vantagem do material é que ele reage bem a átomos de hidrogênio e oxigênio. Alguns apostam que o borofeno pode ser a peça que faltava para que conseguíssemos gerar energia através da água.

De qualquer forma, ainda não dá para dizer que ele será a resposta para todos nossos problemas. O borofeno tem ainda algumas questões importantes para solucionar: o primeiro é sua acessibilidade. O material é caro e difícil de ser produzido, fazê-lo em grande escala ainda é algo impensável para hoje. Outro problema é que ele possui uma alta taxa de oxidação, ou seja, some se ficar desprotegido - o que torna o processo de manuseamento de borofeno ainda mais complexo e caro.

De uma maneira de outra, é bom o grafeno abrir o olho. Agora ele tem concorrência.