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YouTube Red não quer ser comparado com Netflix

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Imagem: Divulgação

Joshua Brustein

22/10/2015 18h47

Agora que o YouTube lançou um serviço pago por assinatura, o YouTube Red, parece lógico pensar que ele é um concorrente do Netflix. Mas o YouTube prefere que você não pense assim.

"Nosso serviço por assinatura é completamente diferente do Netflix", disse Robert Kyncl, que supervisiona todas as funções empresariais do YouTube, em entrevista a repórteres em um evento na quarta-feira. "Cada passo que demos ao longo do caminho foi em uma direção completamente oposta, uma guinada de 180 graus em relação ao que o Netflix está fazendo".

Uma diferença óbvia é o tipo de conteúdo que o Netflix e o YouTube estão pagando para produzir. O YouTube anunciou diversos novos programas e filmes. Todos eles são estrelados por animadores que ficaram famosos no próprio YouTube (embora muitos estejam recebendo apoio nos bastidores de produtoras que não estão associadas diretamente à plataforma). Isso significa que os programas originais do YouTube essencialmente tentaram afastar os adultos de suas assinaturas da HBO.

O conjunto de talentos do YouTube é o que o diferencia dos serviços de vídeo concorrentes, que não param de se multiplicar. O público geral - pelo menos os filhos do público geral - sabe o que significa ser um criador do YouTube. Não existem criadores do Vessel nem criadores do Netflix, nem mesmo criadores de vídeo do Facebook. O YouTube deixou isso bem claro na forma em que descreveu como seu serviço de música, que é parte do Red, é único: remixagens e versões geradas pelos usuários proliferam na plataforma.

Diferente da TV

O YouTube também não vai se parecer com a televisão em outros aspectos. Os programas originais não vão se adequar aos padrões de duração de 22 ou 44 minutos com os quais os programas projetados para a transmissão televisiva têm que se conformar. Alguns dos novos programas terão apenas seis minutos. Os executivos do YouTube não quiseram especificar se os programas produzidos para o YouTube Red poderiam estar disponíveis em outras plataformas. Mas eles estão produzindo alguns com a duração televisiva padrão.

Conteúdos exclusivos

Kyncl também apresentou o YouTube Red como um serviço de ferramentas que os usuários assíduos do YouTube vinham pedindo, como a possibilidade de reproduzir os vídeos sem conexão à internet e no segundo plano em um aparelho móvel. Em especial, a atual histeria em relação aos bloqueadores de propagandas para aparelhos móveis mostrou que muitos consumidores estão dispostos a pagar para se livrar dos anúncios.

É bem sabido que o maior atrativo de um serviço por assinatura são os conteúdos que não estão disponíveis em nenhum outro lugar e, provavelmente, quem vai querer os conteúdos do YouTube são os adolescentes. O foco nos jovens cria um desafio muito específico para o YouTube, porque são os consumidores mais velhos e mais abastados que têm mais probabilidade de pagar US$ 10 mensais por assinaturas de veículos digitais. Kyncl reconheceu que o YouTube levou em consideração essa questão durante o desenvolvimento do serviço. "Estamos começando com isso e todos os serviços por assinatura passam por um processo de evolução", disse ele.

Concorrentes?

Se o YouTube optar por concorrer de forma mais direta com o Netflix, ele teria um dos principais ingredientes necessários para reproduzir a estratégia de programação original da outra empresa: os recursos para pagar produtoras de alto nível para produzir programas originais. Ao mesmo tempo, ele tem algo que provavelmente seria quase impossível para o Netflix imitar: milhões de jovens dispostos a publicar conteúdos gratuitos na esperança de ficarem famosos ou simplesmente porque é isso que os jovens fazem.

Richard Raddon, fundador e CEO da Zefr, uma empresa que ajuda anunciantes a direcionarem propagandas em vídeo, disse que isso poderia dar flexibilidade ao YouTube à medida que o campo de jogo dos vídeos on-line mudar. "Seria mais fácil o YouTube se tornar Netflix", disse ele, "do que o Netflix se tornar YouTube".

Para entrar em contato com o repórter: Joshua Brustein, em Nova York, jbrustein@bloomberg.net