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Estudo aponta Brasil como chave em plano para que solo armazene mais CO2

23/10/2019 21h35

Viena, 23 out (EFE).- O solo do planeta poderia armazenar mais dióxido de carbono (CO2) do que libera a partir de 2050, caso passe a ser colocado em prática um plano contra a mudança climática - no qual o Brasil teria um papel-chave - e, assim, reduzir a destruição de ecossistemas como o Pantanal.

O plano consta no estudo "Contribuição do setor do solo a um mundo de 1,5 grau" realizado com a colaboração do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (Iiasa), com sede na Áustria, e publicado nesta semana na revista "Nature Climate Change".

Os pesquisadores detalham algumas diretrizes para atenuar os efeitos que as atividades relacionadas com o uso do solo têm sobre a crise climática, com o objetivo de neutralizar, até o ano de 2040, a taxa de liberações de CO2 relacionadas com o solo e causadas pelos seres humanos.

Entre as medidas propostas, destaca-se a necessidade de melhorar as taxas de absorção natural desse gás causador do efeito estufa.

"O solo já faz muito para reduzir nossas emissões de CO2, mas não pode fazer tudo. É urgente começar a investigar e investir em tecnologias de emissões negativas para permitir sua futura implementação sustentável", disse a autora principal do estudo, Stephanie Roe, em comunicado.

Segundo o estudo, a finalidade do roteiro é cumprir os objetivos do Acordo de Paris, que visa conter o aquecimento do planeta e não deixá-lo superar o patamar de 1,5 grau em relação aos níveis de 2005.

Para isso, o estudo destaca medidas como: reduzir o desmatamento e a destruição de planícies de inundação (como o Pantanal) e de mangues em 70%; melhorar o uso florestal; aumentar as taxas de absorção de carbono de solos empregados para a agricultura; reduzir o desperdício de alimentos, e que uma a cada cinco pessoas assuma uma dieta baseada principalmente em vegetais até 2030.

De acordo com os pesquisadores, se os países seguirem essas diretrizes, será possível diminuir as emissões de CO2 pela metade a cada década até 2050 e, assim, o solo será capaz de armazenar mais carbono do que libera a partir desse ano.

Para alcançar a meta, o Brasil e a Indonésia foram apontados como os principais países que deverão reduzir suas emissões, embora também seja importante que outros como Estados Unidos, os membros da União Europeia, Canadá, China, Rússia, Austrália, Argentina e Índia sigam as mesmas diretrizes.

"O roteiro prevê um enfoque por etapas e, no início, se dá prioridade às ações que evitem as emissões. Isso significa se concentrar em conter o desmatamento em lugares críticos, como Brasil e Indonésia", explicou Michael Obersteiner, outro autor do estudo.

Assim como Roe, ele defende a pesquisa de novas maneiras de eliminar o dióxido de carbono, principalmente da atmosfera, através do uso de altas tecnologias, embora reconheça que esse objetivo não deverá ser atingido em um futuro tão próximo.

"Não é esperado um uso dessa tecnologia em grande escala na próxima década, devido à realidade que atravessam atualmente os regimes internacionais no que diz respeito à política climática", lamentou. EFE