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Por conta do coronavírus na China, produção do "iPhone 9" pode atrasar

Greg Joswiak, vice-presidente de marketing de produto da Apple, durante apresentaçãp do novo iPad no final do ano passado - Stephen Lam/Reuters
Greg Joswiak, vice-presidente de marketing de produto da Apple, durante apresentaçãp do novo iPad no final do ano passado Imagem: Stephen Lam/Reuters

Mark Gurman e Debby Wu

28/01/2020 09h26

A base de manufatura da Apple na China corre risco de interrupções na produção após o feriado do Ano Novo Lunar, já que parceiros da empresa enfrentam o surto do coronavírus que já causou mais de 100 mortes no país.

Praticamente todos os iPhones do mundo são fabricados na China, principalmente pela Hon Hai Precision Industry, controlada pela Foxconn, na chamada Cidade do iPhone em Zhengzhou, e pela Pegatron, em uma unidade de montagem nos arredores de Xangai. Cada um desses locais fica a mais de 500 quilômetros de Wuhan, no centro da China, o epicentro do surto viral, mas essa distância não os imuniza contra seus efeitos.

"Não consigo imaginar um cenário em que a cadeia de suprimentos não seja afetada", disse Patrick Moorhead, analista veterano do setor da Moor Insights & Strategy. "Se houver um grande problema de matérias-primas, fabricação, montagem, teste e remessa, haverá uma interrupção."

A Apple tem aumentado a produção para atender à demanda acima das expectativas, segundo reportagem da Bloomberg News na semana passada. A empresa normalmente lança seus iPhones de última geração por volta de setembro; portanto, é improvável que o vírus tenha um impacto significativo nesses planos; no entanto, a empresa também se prepara para iniciar a produção em massa de um novo iPhone de baixo custo em fevereiro, que sofre maior risco.

A Apple tem cerca de 10 mil funcionários diretos na China, tanto em unidades corporativas quanto de varejo. A cadeia de suprimentos da empresa também possui alguns milhões de trabalhadores que fabricam produtos como o iPad, iPhone e Apple Watch.

Muitos desses funcionários passaram os últimos dias em casa por causa do feriado, e a empresa não disse se pediu que permaneçam por mais tempo para impedir a propagação do vírus.

Autoridades chinesas impuseram severas restrições de viagem e tomaram a drástica medida de colocar toda a cidade de Wuhan, com mais de 11 milhões de habitantes, em quarentena.

"A interrupção da cadeia de suprimentos é uma preocupação se os funcionários da Foxconn e de outros centros de fabricação de componentes na China sofrerem restrições", disse o analista Dan Ives, da Wedbush Securities. "Se o surto na China se espalhar mais, poderá impactar negativamente a cadeia de suprimentos, o que seria uma grande preocupação para investidores."

Uma porta-voz da Apple não quis comentar. A Foxconn disse que está monitorando a situação na China e seguindo todas as práticas de saúde recomendadas. A empresa não quis comentar sobre a produção em locais específicos, mas disse: "Podemos confirmar que temos medidas em vigor para garantir que possamos continuar cumprindo todas as obrigações globais de fabricação".

Casos confirmados do coronavírus estão aumentando na província de Henan - onde está a fábrica de Zhengzhou -, o que pode levar a Hon Hai ou o governo a fechar fábricas para evitar mais infecções, escreveu Matthew Kanterman, analista da Bloomberg Intelligence.

A província respondeu por 25% das exportações de smartphones da China no ano passado, enquanto as exportações da China representaram 27% das vendas globais de smartphones, disse, citando dados do governo e da IDC. A Foxconn responde por mais de 60% do comércio total de Henan, segundo estimativas.

A empresa com sede em Cupertino, Califórnia, está preparada para situações de emergência como o surto do coronavírus, exigindo que os principais componentes tenham duas fontes - tanto em termos de fornecedores quanto em geografia.

Por isso, por enquanto, um grande impacto imediato nos planos de produção é improvável, segundo a uma pessoa a par das operações. Mesmo assim, a grande maioria do trabalho de montagem é realizada na China e, portanto, a falta de trabalhadores nas fábricas terá impacto direto no número de remessas.

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