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Missão Artemis: Nasa prevê humanos vivendo na Lua ainda nesta década

A cápsula Orion no espaço, com a Terra ao fundo - Nasa
A cápsula Orion no espaço, com a Terra ao fundo Imagem: Nasa

Rob Corp

Do programa Domingo com Laura Kuenssberg da BBC

20/11/2022 09h24

Alto funcionário da agência disse à BBC que missões Artemis devem resultar em astronautas vivendo na Lua nos próximos anos.

Humanos poderão permanecer na Lua por períodos longos ainda nesta década, disse um alto funcionário da agência espacial norte-americana Nasa à BBC.

Howard Hu, que lidera o programa aeroespacial Orion da agência, disse que habitats serão necessários para servir de base de apoio a missões científicas.

Ele disse, ao programa Domingo com Laura Kuenssberg da BBC, que o lançamento de quarta-feira (16/11) do foguete Artemis, que transporta a espaçonave Orion, foi um "dia histórico para o voo espacial humano".

O foguete Artemis, de 100 metros de altura, decolou do Centro Espacial Kennedy — localizado no Cabo Canaveral, na Ilha Merritt, nos EUA — como parte de uma missão da Nasa que pretende levar astronautas de volta ao satélite da Terra após 50 anos.

No topo do foguete está a espaçonave Orion que, nesta primeira missão, não está tripulada, mas está equipada com um "manequim" que registra os impactos do voo no corpo humano.

O voo de quarta-feira ocorreu após duas tentativas anteriores de lançamento, em agosto e setembro, abortadas na contagem regressiva devido a problemas técnicos.

Howard Hu é responsável pela cápsula espacial Orion - Nasa - Nasa
Howard Hu é responsável pela cápsula espacial Orion
Imagem: Nasa

Hu disse que ver a Artemis decolar foi "uma sensação inacreditável" e "um sonho".

"É o primeiro passo que estamos dando para a exploração do espaço profundo a longo prazo, não apenas para os Estados Unidos, mas para o mundo", disse ele.

"E acho que este é um dia histórico para a Nasa, mas também é um dia histórico para todas as pessoas que amam o voo espacial humano e a exploração do espaço profundo."

"Quer dizer, estamos voltando à Lua, estamos trabalhando em um programa sustentável e este é o veículo que levará as pessoas que nos levarão de volta à Lua novamente."

Hu explicou que, se o atual voo da Artemis for bem-sucedido, o próximo será tripulado, seguido por um terceiro, no qual os astronautas pousariam na Lua novamente pela primeira vez desde a Apollo 17, em dezembro de 1972.

A missão atual está indo bem, disse ele à BBC, com todos os sistemas funcionando e a equipe da missão se preparando para o próximo disparo dos motores da Orion (o que é conhecido como queima) na segunda-feira (21/11), para colocar a espaçonave em uma órbita distante da Lua.

Segundo Hu, assistir à missão da Terra faz ele se sentir como um pai ansioso, mas ele disse que ver as imagens e os vídeos da Orion "realmente dá aquela emoção e a sensação de 'uau, estamos voltando para a Lua'."

Uma das fases mais críticas da missão Artemis I será levar o módulo Orion com segurança de volta à Terra. Ele entrará novamente na atmosfera do planeta a 38.000 km/h, ou 32 vezes a velocidade do som, e o escudo em sua parte inferior será submetido a temperaturas próximas a 3.000°C.

Uma vez que a segurança dos componentes e sistemas da Artemis tenha sido testada e comprovada, Hu disse que o plano é ter humanos vivendo na Lua "nesta década".

Uma grande parte da motivação para voltar à Lua é descobrir se há água no polo sul do satélite, acrescentou, porque isso pode ser convertido para fornecer combustível para naves que irão mais fundo no espaço — para Marte, por exemplo.

"Vamos enviar pessoas para a superfície [da Lua] e elas vão viver nessa superfície e fazer ciência", disse Hu.

"Será realmente muito importante para nós aprendermos um pouco além da órbita da nossa Terra e depois dar um grande passo quando formos a Marte", completou.

"E as missões Artemis nos permitem ter uma plataforma sustentável e um sistema de transporte que nos permite aprender a operar nesse ambiente de espaço profundo."

A cápsula Orion deve voltar à Terra em 11 de dezembro.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63691809