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'Você': Cinco coisas que você deveria apagar das redes sociais após ver série do Netflix

Em "Você", Guinevere Beck (interpretada por Elizabeth Lail) é perseguida por Joe Goldberg - Reprodução/Netflix
Em 'Você', Guinevere Beck (interpretada por Elizabeth Lail) é perseguida por Joe Goldberg Imagem: Reprodução/Netflix

BBC News Mundo

11/01/2020 15h42

Embora você deva sempre pensar duas vezes antes de postar nas redes, há informações com as quais você deve ser especialmente cuidadoso. E, se você as publicou, é melhor apagá-las.

Estreou recentemente a segunda temporada da série "Você", da Netflix, sobre um homem que persegue uma jovem de forma perturbadora.

Desde o início, "Você" mostra como as fotos, os dados e as reflexões que costumamos publicar nas redes sociais sem nos preocuparmos com as consequências podem acabar sendo usados contra nós.

A série, baseada no romance homônimo de Caroline Kepnes, conta como o vendedor de livros Joe Goldberg tenta fazer a aspirante a escritora Guinevere Beck se apaixonar por ele e, para isso, entre outras coisas, usa informações que ela compartilha nas redes sociais.

"Joe sabe muito bem que o Instagram é uma mentira, o Twitter é puro robô e o Facebook é um buraco negro, mas ele também sabe que é aí que as coisas interessantes estão para ele", escreveu o jornalista especialista em TV James Donaghy no jornal britânico "The Guardian".

"Conhecimento é poder, e cada grama revelador que você extrai desses lugares inclina a balança ainda mais a seu favor na sua busca por Beck", acrescentou.

Mas embora você deva sempre pensar duas vezes antes de postar nas redes, há informações com as quais você deve ser especialmente cuidadoso. E, se você as publicou, é melhor apagá-las.

1. Impressões digitais

Posar para uma foto com o símbolo de paz e amor é comum em muitas partes do mundo. Mas e se esse gesto inocente estivesse nos colocando em risco perante criminosos digitais?

Isao Echizen, pesquisador do Instituto Nacional de Informática no Japão, alerta que mostrar a parte interna do indicador e do dedo médio na câmera pode facilitar o roubo de nossa identidade.

Segundo o especialista, as novas tecnologias permitem ampliar facilmente as imagens e escanear graficamente as impressões digitais, principalmente se os dedos estiverem "expostos a uma luz intensa".

Para provar isso, o professor realizou um experimento com fotografias em que os sujeitos mostravam as pontas dos dedos a até três metros de distância.

Echizen afirmou à BBC Mundo (serviço da BBC em espanhol) que, uma vez digitalizadas, as impressões digitais estão "amplamente disponíveis" para reprodução indiscriminada, algo que "qualquer um pode fazer".

Segundo o especialista, esse tipo de foto é um comportamento cada vez mais perigoso, devido ao avanço das ferramentas biométricas usadas para garantir a segurança em dispositivos móveis, como telefones celulares.

2. Seu destino de férias

Informar, através das redes sociais, qual será o seu destino de férias traz vários riscos.

Por um lado, você pode chamar a atenção para possíveis criminosos no local e, por outro, anuncia que deixou sua casa vazia, à mercê de assaltantes.

De acordo com um estudo publicado em 2018 no Reino Unido, cerca de 22% dos entrevistados afirmaram que tiveram suas casas furtadas durante as férias. Todos os participantes que responderam sim haviam publicado fotos de seus dias de folga nas redes sociais.

Segundo o jornalista especialista em questões de tecnologia e mídia social Nilton Navarro, existem algumas empresas que podem não pagar o seguro em caso de assalto, se você mostrou no Facebook ou no Instagram o quanto estava feliz na praia.

"Algumas empresas consideram que, de alguma forma, você é responsável pelo furto, tornando sua ausência pública", disse Navarro em seu blog.

Além do seu destino de férias, você também não deve postar fotos do cartão de embarque do voo no qual você embarcará.

Com esses dados, por exemplo, é possível extrair as informações que compartilhou com a companhia aérea e até o número do cartão de crédito com o qual você fez a compra.

3. Data de nascimento

"Para alguém roubar sua identidade e cometer fraude em seu nome, em muitos países você só precisa ter seu nome, endereço e data de nascimento. É simples assim", escreveu a analista de segurança informática Amelia Murray no jornal britânico The Telegraph.

É comum ser parabenizado em seu aniversário por meio das redes sociais e incluir as informações sobre quantos anos você tem. Isso facilita o cálculo de quando você nasceu.

"A data de nascimento é uma parte crucial da identificação, pois é o único fato que nunca muda. E, uma vez publicada online, fica disponível para sempre", disse John Marsden, da empresa Equifax.

É recomendável também evitar senhas que estejam relacionadas a informações pessoais, a exemplo da data de nascimento.

4. Número do telefone pessoal

Se você pensar bem, terá muitas informações armazenadas no seu telefone celular: fotos, emails, acesso à maioria das suas redes sociais.

Por esse motivo, especialistas apontam que a publicação do número de telefone pessoal está abrindo a porta para várias ameaças e que isso pode comprometer seriamente a sua privacidade.

"Se você já usou seu smartphone para pagar algo online, um hacker especialista pode obter informações sobre cartão de crédito simplesmente com o número", disse James Robbins, do portal de segurança virtual Mighty Call.

Portanto, os especialistas recomendam ter um número profissional que possa ser compartilhado.

5. Fotos de seus filhos (ou de crianças em geral)

Quanto você compartilha na internet sobre a vida de seus filhos?

E até que ponto você deseja ver informações sobre a vida dos filhos de outras pessoas nas redes sociais?

Sharenting —um termo que faz a combinação das palavras em inglês share (compartilhar) e parenting (ligado a parentalidade)- consiste em documentar os primeiros sorrisos, palavras, etapas... e cada uma das histórias dos pequenos no Facebook, no Instagram e em outras redes sociais.

No entanto, de acordo com a empresa de serviços financeiros Barclays, o compartilhamento é uma porta para fraudes na internet.

Segundo a companhia, muitos pais estão comprometendo a segurança financeira futura de seus filhos (e dos seus) compartilhando dados de menores de idade na rede sem moderação.

De fato, a empresa estima que até 2030 o compartilhamento de dados pessoais custará mais de US$ 870 milhões em fraudes online —sendo responsável por dois terços do phishing na próxima década— e diz que cometer golpes na internet "nunca foi tão fácil".

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