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Google e Facebook são acusados de violar nova lei de proteção de dados da Europa

O ativista austríaco Max Schrems, que lidera o grupo noyb.eu - Geert Vanden Wijngaert
O ativista austríaco Max Schrems, que lidera o grupo noyb.eu Imagem: Geert Vanden Wijngaert

Chris Foxx

Repórter de tecnologia da BBC

25/05/2018 15h16

Denúncias contra o Google, o Facebook, o Instagram e o WhatsApp foram feitas apenas algumas horas depois da nova lei de proteção de dados da Europa entrar em vigor.

As empresas são acusadas de forçar usuários a aceitar publicidade dirigida para poderem usar seus serviços.

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O ativista Max Schrems diz que as pessoas não estão tendo oportunidade de "escolher livremente". Ele lidera o grupo noyb.eu, que briga por mais privacidade na internet,

Se as denúncias forem aceitas pela Justiça, as empresas podem ser multadas e forçadas a mudar a forma como operam.

Qual é o problema?

A Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR) é uma nova lei da União Europeia que modifica as regras para a coleta, armazenamento e uso de dados pessoais. Mesmo empresas com sedes fora do continente precisam seguir a nova lei se quiserem atuar no continente.

Em suas quatro denúncias, o noyb.eu argumenta que as empresas violaram a lei porque estão usando uma abordagem "tudo ou nada". Os usuários precisam concordar em ter suas informações coletadas, compartilhadas e usadas para publicidade direcionada - caso contrário, não podem mais usar suas contas.

Isso, argumenta a organização, desrespeita as novas regras, já que forçar pessoas a concordar com uma coleta ampla de vários dados é proibido pela GDPR.

"A lei explicitamente permite o processamento de dados que são estritamente necessários para o funcionamento do serviço. Mas usar as informações para propaganda ou vendê-las exige o consentimento do usuário, dado diante da possibilidade de escolha", disse a noyb.eu em uma nota pública.

"A lei é muito pragmática nesse quesito: o que for realmente necessário para o aplicativo funcionar é legal sem consentimento, todo o resto precisa de uma autorização que tenha duas opções: 'sim' ou 'não'."

Max Schrems diz que "muitos usuários ainda não sabem que essa forma irritante de pressionar as pessoas a darem autorização na verdade, na maioria dos casos, é proibida pela nova legislação."

As denúncias foram apresentadas por quatro cidadãos europeus na Áustria, na Bélgica, na França e na Alemanha.

Analistas já esperavam que denúncias fossem feitas logo após a lei entrar em vigor, já que empresas e ativistas pela privacidade discutem sobre como a nova lei deve ser interpretada.

'Grandes multas'

Algumas companhias sediadas foram da União Europeia bloquearam temporariamente seus serviços na região para evitar problemas com a nova regulação.

Outras empresas, como o Twitter, criaram novas opções de configuração que permitem às pessoas escolher não receber propaganda dirigida.

Em casos extremos, empresas que violaram a lei podem ser multadas em mais de 17 milhões de euros (R$ 72 milhões).

O Facebook diz, em nota, que passou 18 meses se preparando para ter certeza de que seu funcionamento está de acordo com as regras da nova lei.

O Google diz que está comprometido com a obediência à nova regulação sobre proteção de dados. "Levamos a privacidade e a segurança em conta desde os primeiros estágios de construção de nossos produtos", afirmou a empresa.

O WhatsApp - que hoje pertence ao Facebook - foi procurado pela BBC, mas não respondeu até a publicação desta notícia.