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Confinamento em fábrica do iPhone revela riscos da dependência da China

Trabalhadoras chinesas em fábrica da Foxconn em Shenzhen, na China - AFP
Trabalhadoras chinesas em fábrica da Foxconn em Shenzhen, na China Imagem: AFP

05/11/2022 10h27

O confinamento da região em torno da maior fábrica de telefones iPhone na China, revela os riscos da política de "zero covid" para a indústria, indicaram analistas à AFP.

A Zona Econômica do Aeroporto de Zhengzhou (centro), onde fica a fábrica do gigante tecnológico taiwanês Foxconn, começou na quarta-feira com um confinamento de sete dias, depois que casos de covid-19 foram detectados.

Foxconn é o principal terceirizado da gigante americana Apple, que também tem a China como um de seus maiores mercados.

É também o maior empregador do setor privado na China, com cerca de um milhão de funcionários em suas trinta fábricas e centros de pesquisa.

E a região Zhengzhou é a "cereja do bolo", onde iPhones são produzidos em quantidades não vistas em qualquer outro lugar.

"Em condições normais, quase toda a produção de iPhone se concentra em Zhengzhou," assegura Ivan Lam, analista da Counterpoint.

Risco da alta dependência

"Para a Apple, é novamente ruim em termos de estabilidade na rede produção", afirma Alicia Garcia Herrero, responsável para a região Ásia-Pacífico do banco Natixis.

Para especialistas, a forte dependência da China pela companhia californiana "traz riscos em potencial, especialmente quando a guerra comercial entre Estados Unidos e não dá sinais de desescalada" segundo a consultoria Dezan Shira & Associates.

Aberta em 2010, a fábrica em Zhengzhou emprega até 300 mil pessoas, que vivem na região e arredores, criando um centro tecnológico em plena expansão conhecido como "iPhone city". É composto por por três fábricas, umas delas produz o novo modelo iPhone 14.

A Apple não respondeu às perguntas da AFP sobre como o confinamento está afetando sua produção.

O analista Ivan Lam considera que uma paralisação parcial gerará uma perda de "10 a 30%" da produção, embora uma parte tenha sido temporariamente transferida a outras fábricas da Foxconn na China.

Segundo a Foxconn, a planta funciona agora em "circuito fechado", com trabalhares obrigados a dormir na fábrica para evitar qualquer contato com exterior.

Por isso, "este incidente deve ter um impacto limitado" na produção de iPhone no mundo, opina o analista Ming-Chi Kuo, especialista de produtos Apple.

Buscar outras opções

A China é a última grande economia a manter uma rígida estratégia contra a covid.

A política de zero covid determinou quarentenas em casos de alguns testes positivos, além de fechamentos de empresas, o que têm afetado as redes de abastecimento.

Para depender menos da China, a Apple decidiu terceirizar parte de sua produção na Índia, e estuda a possibilidade de fazer o mesmo no Vietnã. As restrições anticovid aceleram esta tendência.

Em 2020, no início da pandemia, a região de Zhengzhou já havia sido confinada por uma semana.