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Calor asfixiante volta a atingir Oeste Europeu

12/07/2022 11h18

Madri, 12 Jul 2022 (AFP) - Com termômetros que ultrapassam os 40ºC na Espanha e em Portugal, o oeste da Europa enfrenta nesta terça-feira (12) uma segunda onda de calor em apenas um mês, com um impacto muito preocupante nos solos e geleiras alpinos.

O aumento da temperatura está diretamente ligado ao aquecimento global, segundo os cientistas, uma vez que as emissões de gases de efeito estufa aumentam tal fenômeno em intensidade, duração e frequência.

"Uma nova onda de calor, a segunda deste ano, está se instalando na Europa Ocidental. Atualmente, afeta principalmente a Espanha e Portugal, mas deve se intensificar e se espalhar", declarou Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial.

As temperaturas extremas produzem "secas" com "solos muito, muito secos" e impactam as "geleiras nos Alpes, que estão sendo duramente atingidas", destacou em Genebra.

"Foi uma temporada muito ruim para as geleiras. E ainda estamos em um momento relativamente precoce do verão", alertou Nullis, pouco mais de uma semana após o colapso de um enorme bloco da geleira italiana Marmolada, enfraquecida pelo aquecimento global, uma tragédia que deixou 11 mortos.

Na Espanha, as temperaturas voltaram a ultrapassar os 40 ºC nesta terça-feira em boa parte do sul e oeste do país, de acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet), que alertou para a possibilidade de atingir 42 ºC na província de Ourense (noroeste).

O pico da onda de calor, a segunda em um mês após outra registrada em meados de junho, deve prosseguir no país até quinta-feira. Os termômetros podem atingir 44 ºC em alguns pontos dos vales do Tejo e Guadalquivir.

Em Madri, o calor extremo afeta particularmente as pessoas vulneráveis ou que trabalham nas ruas.

"É o inferno", suspirava, com suor na testa, Dania Arteaga, uma venezuelana de 43 anos que limpava a vitrine de uma loja no centro da capital espanhola.

Alimentados pelas altas temperaturas, vários incêndios florestais avançavam em diferentes partes do país. Um deles, na Extremadura (oeste), já queimou 2.500 hectares de vegetação.

- Portugal fecha área turística -Em Portugal, o risco de incêndio levou as autoridades a fechar o parque de Sintra, localizado a oeste de Lisboa, onde vários palácios atraem turistas de todo o mundo.

"Dada a gravidade da situação meteorológica prevista até o final da semana, é fundamental ter a máxima cautela", disse na segunda-feira o primeiro-ministro português, António Costa, um dia antes de as temperaturas ultrapassarem os 40ºC em grande parte do país.

Ainda com a memória dos incêndios de 2017, que deixaram uma centena de mortos, o governo português declarou "estado de atenção" pelo menos até sexta-feira, para facilitar a mobilização dos serviços de emergência e aumentar as suas competências.

Sinal do perigo, um incêndio que queimou 2.000 hectares em Ourém (centro) desde quinta-feira da semana passada - que havia sido controlado na segunda-feira - voltou a afetar a região esta manhã.

A onda de calor também afeta a França, onde as temperaturas devem atingir entre 36°C e 38°C no sudoeste e no vale do rio Ródano, com possíveis picos de 39°C.

A agência francesa Météo France espera uma onda de calor que vai durar pelo menos "oito a dez dias", com os seus piores momentos entre "o próximo sábado e terça-feira".

Uma situação que levou a primeira-ministra, Elisabeth Borne, a apelar ao governo para atuar e enfrentar um fenômeno que "tem um impacto muito rápido no estado de saúde da população, em particular das pessoas mais vulneráveis".

A onda de calor deve se espalhar para outros países da Europa Ocidental e Central.

No Reino Unido, a agência meteorológica (Met Office) emitiu um alerta laranja para possível "calor extremo" a partir de domingo.

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