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Elon Musk diz que suspenderá banimento de Trump no Twitter

Elon Musk em foto tirada em fábrica da Tesla em Gruenheide, no sudeste de Berlim (Alemanha) - Patrick Pleul/Pool/AFP
Elon Musk em foto tirada em fábrica da Tesla em Gruenheide, no sudeste de Berlim (Alemanha) Imagem: Patrick Pleul/Pool/AFP

Em San Francisco

11/05/2022 08h58Atualizada em 11/05/2022 14h59

Elon Musk disse, nesta terça-feira (10), que suspenderia a proibição de o ex-presidente americano Donald Trump usar o Twitter se o acordo para comprar a rede social sair adiante.

"Eu reverteria a proibição", disse o bilionário em conferência do jornal Financial Times, embora tenha esclarecido que, como ainda não é proprietário do Twitter, "não é certo que isto vá acontecer".

O apoio de Musk ao retorno de Trump à plataforma global de mensagens rapidamente alimentou os temores entre os ativistas de que Musk poderia "abrir as comportas do ódio".

A oferta de 44 bilhões de dólares do dono da Tesla para comprar o Twitter ainda precisa do apoio de acionistas e reguladores, mas Musk se manifestou favorável a uma menor moderação do conteúdo e a menos restrições na rede social.

"Penso que não foi correto banir Donald Trump", disse Musk. "Acho que foi um erro porque marginalizou grande parte do país e, em última instância, não fez com que Donald Trump não tivesse voz", acrescentou.

Trump foi banido do Twitter e de outras redes sociais depois que seus apoiadores, estimulados por seus tuítes alegando fraude eleitoral, atacaram o Congresso americano em 6 de janeiro de 2021, em uma tentativa frustrada de evitar que Joe Biden fosse certificado como o vencedor das eleições presidenciais de 2020.

"Elon Musk pode abrir as comportas do ódio e da desinformação no Twitter", afirmou Angelo Carusone, presidente da Media Matters for America, uma organização de monitoramento da desinformação na mídia.

"Seja Elon Musk um radical de extrema-direita ou apenas alguém muito interessado em abrir espaço para extremistas de direita, o resultado é o mesmo", acrescentou.

Para Carusone, recuar no combate à desinformação e ao extremismo de direita no Twitter pressionaria outras redes a fazer o mesmo em uma corrida em direção ao fundo do poço.

Musk afirmou que sua postura é similar à do cofundador do Twitter, Jack Dorsey, de que as proibições permanentes deveriam ser raras, reservadas para contas que são spam, fraudes ou executadas por "bots" de software.

"Isso não significa que alguém possa dizer o que quiser dizer", afirmou Musk. "Se dizem algo que é ilegal ou simplesmente destrutivo para o mundo, então, talvez, deveria haver um tempo de espera, uma suspensão ou o tuíte em particular deveria se tornar invisível ou ter uma visibilidade muito limitada".

No entanto, Musk insistiu em que as proibições permanentes são uma "decisão moralmente ruim", que abala a confiança no Twitter como uma praça pública on-line onde todos podem ser ouvidos.

O bilionário destacou que Trump declarou publicamente que não voltaria ao Twitter se lhe fosse permitido, optando, ao contrário, por permanecer com sua própria rede social, que ainda não conseguiu se popularizar.

Ativistas

Grupos de ativistas fizeram um apelo aos anunciantes para que boicotem o Twitter se, sob a liderança de Musk, a rede abrir a porta para publicações abusivas ou enganosas.

"Sob a administração de Musk, o Twitter corre o risco de ser um esgoto de desinformação, com seu cérebro colado", disseram, em uma carta aberta, mais de duas dúzias de grupos de defesa da mídia e redes como Media Matters, Access Now e Ultraviolet.

O Twitter obtém a maior parte de sua receita por meio da publicidade, e isso pode ficar comprometido pela reação dos anunciantes ao conteúdo postado na plataforma.

Embora Musk não tenha revelado detalhes sobre como administrará a empresa, ele já manifestou uma preferência por ganhar dinheiro com assinaturas.

"Acreditamos que nosso sucesso a longo prazo depende de nossa capacidade de melhorar a conversa pública no Twitter", disse a companhia recentemente em uma apresentação.