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Como a ciência poderá recriar espécie de mamute extinta há 4 mil anos

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Crânio um mamute-lanoso Imagem: Crânio de mamute-lanoso http://www.paleoart.com

Em Washington

18/09/2021 04h00

Que o mamute-lanoso, espécie extinta há 4.000 anos, volte a pisar no solo ártico é o desafio que a empresa americana Colossal, lançada na segunda-feira, tentará superar com a ajuda de técnicas de manipulação genética.

"A Colossal lançará um modelo prático e eficaz de desextinção e será a primeira empresa a aplicar técnicas avançadas de modificação genética para reintegrar o mamute-lanoso à tundra do Ártico", informou a empresa.

A desextinção, conceito de criar um animal semelhante a uma espécie extinta, por meio da genética, não é uma unanimidade entre a comunidade científica. Alguns pesquisadores duvidam da sua viabilidade ou se preocupam com os riscos de sua aplicação.

Criada pelo empresário Ben Lamm e o geneticista George Church, a Colossal tentará inserir sequências de DNA de mamutes-lanosos (obtidas a partir de restos preservados em solo siberiano) no genoma de elefantes asiáticos, a fim de criar uma espécie híbrida. O DNA do elefante asiático e o do mamute-lanoso são 99,6% semelhantes, afima a empresa em seu site.

A criação desses paquidermes híbridos e a sua reintrodução na tundra deverá permitir "restaurar ecossistemas desaparecidos, que poderiam ajudar a frear, ou mesmo a reverter, os efeitos das mudanças climáticas", prevê a Colossal.

O mamute-lanoso modificado poderia "dar nova vida às pradarias do Ártico", que, segundo a empresa, capturam dióxido de carbono e eliminam metano, dois gases do efeito estufa.

A empresa de biotecnologia conseguiu levantar US$ 15 milhões em fundos privados para alcançar seu objetivo, recebido com ceticismo por alguns especialistas. "Muitos problemas surgirão desse processo", antecipou a bióloga Beth Shapiro ao "New York Times". "Isso não é uma desextinção. Nunca mais haverá mamutes na Terra. Se funcionar, será um elefante quimérico, um organismo totalmente novo, sintético e geneticamente modificado", tuitou Tori Herridge, bióloga e paleontóloga do Museu de História Natural de Londres.