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Como empresas de tecnologia fizeram fortuna na 'guerra contra o terrorismo'

Sundry Photography/Getty Images
Imagem: Sundry Photography/Getty Images

Washington (AFP)

10/09/2021 19h34

As gigantes da tecnologia ganharam bilhões de dólares em contratos com o exército dos Estados Unidos e outras agências governamentais durante a chamada "guerra contra o terrorismo", segundo um relatório publicado às vésperas do 20º aniversário do 11 de Setembro.

O relatório "Big Tech Sells War" (Grandes empresas tecnológicas vendem a guerra, em tradução livre), publicado na quinta-feira (9) por três grupos de ativistas americanos, documentou uma explosão de contratos governamentais com a Amazon, Facebook, Google, Microsoft e Twitter desde 2004.

Os contratos das empresas tecnológicas foram "principalmente com agências centrais na guerra contra o terrorismo", diz o relatório.

"De 2004 até hoje, as grandes empresas tecnológicas apresentaram um enorme aumento da demanda federal de seus serviços, em particular do Pentágono e do Departamento de Segurança Interna", continua.

A demanda de software na nuvem e GPS por parte das agências militares e de inteligência dos Estados Unidos aumentou desde 2001, já que a indústria da defesa se digitalizou cada vez mais.

Só o Departamento da Defesa gastou 43,8 bilhões de dólares em contratos com empresas tecnológicas desde 2004, de acordo com o relatório - uma colaboração entre o Action Center on Race and the Economy e os grupos de justiça social LittleSis e MPower Change.

Quatro dos cinco organismos que mais gastam em contratos de grandes tecnologias são "fundamentais para a política externa ou foram criados como resultado direto da guerra mundial contra o terrorismo", afirma o estudo.

"Amazon e Microsoft lideraram a tendência nos últimos anos, com a Amazon assinando quase cinco vezes mais e a Microsoft assinando oito vezes mais contratos federais e subcontratos em 2019, em comparação com 2015", acrescenta.

Segundo o documento, a Microsoft se beneficiou de um salto nos contratos de defesa durante o governo de Donald Trump, com um aumento de seis vezes o número de acordos estabelecidos entre 2016 e 2018.

Por outro lado, os contratos com contratistas militares e de defesa "tradicionais", como as empresas aeroespaciais Raytheon e Northrop Grumman, diminuíram nos últimos anos.

A AFP contatou as cinco grandes empresas tecnológicas para pedir comentários, mas ainda não recebeu resposta.

O relatório extraiu seus dados da Tech Inquiry, uma ferramenta online que permite aos usuários explorarem os contratos do governo americano.

A ferramenta só inclui os contratos cuja informação é pública, portanto os números que aparecem no relatório são "muito provavelmente uma subrepresentação", segundo o documento.

Seus autores criticaram o fenômeno das "portas giratórias" entre as grandes empresas tecnológicas e as agências de segurança americanas, nas quais ex-altos funcionários do governo passam a desempenhar funções importantes nas empresas tecnológicas.

O relatório citou como exemplo o ex-funcionário do Departamento de Estado, Jared Cohen, agora na Google, assim como Steve Pandelides, da Amazon, antes no FBI, e Joseph D. Rozek, da Microsoft, que ajudou a fundar o Departamento de Segurança Interna.