Fósseis semelhantes a esponjas podem ser a forma de vida animal mais antiga do planeta

Paris, 28 Jul 2021 (AFP) - Estruturas fósseis semelhantes a esponjas encontradas no noroeste do Canadá e que viveram nos oceanos há 890 milhões de anos podem ser os restos da mais antiga forma de vida animal conhecida na Terra, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira(28).

Esta descoberta lança dúvidas sobre a teoria de décadas de que os animais apareceram na Terra somente depois que a atmosfera e os oceanos receberam uma grande injeção de oxigênio.

As esponjas são animais simples cuja origem se desconhece. A análise genética das esponjas modernas indica que seu aparecimento provavelmente ocorreu entre 1 bilhão e 500 milhões de anos atrás.

Mas até agora, nenhum fóssil de esponja daquele período, conhecido como Neoproterozoico, foi encontrado.

Elizabeth Turner, professora da Canadian Laurentienne University, procurou esses fósseis em camadas geológicas de recifes que datam de 890 milhões de anos, recifes "feitos" por bactérias que depositavam carbonato de cálcio.

A pesquisadora identificou minúsculas estruturas tubulares contendo cristais de calcita de recife contemporâneos, que se parecem muito com o esqueleto encontrado em esponjas modernas.

Se essa descoberta, publicada na revista Nature, for confirmada, a idade desses fósseis ultrapassaria em cerca de 350 milhões de anos a do animal mais antigo conhecido até hoje.

"Os animais mais primitivos que apareceram em um processo evolutivo foram provavelmente esponjas. O que não é surpreendente, já que as esponjas são os animais mais simples na árvore da vida animal", explicou ele à AFP.

Se for confirmado que os fósseis que a cientista encontrou, com apenas um centímetro de comprimento, eram esponjas, esses primeiros vestígios de vida duraram cerca de 90 milhões de anos, até que a Terra acumulou um nível de oxigênio suficiente para o surgimento de vida animal mais complexa, no Neoproterozoico.

"Se minha interpretação estiver correta, os primeiros animais ... toleraram níveis de oxigênio relativamente mais baixos do que as condições atuais", explicou ela.

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