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De Mao a Marte, a conquista espacial da China

Estação espacial chinesa  - CMSA
Estação espacial chinesa Imagem: CMSA

Em Pequim

17/06/2021 08h48

Iniciada há mais de 60 anos por Mao Tsé-Tung, a aventura espacial da China deu um novo passo, nesta quinta-feira (17), com o lançamento de sua primeira missão tripulada para uma estação espacial em construção.

A China investe bilhões de dólares em seu programa espacial, para tentar alcançar a Europa, os Estados Unidos e a Rússia.

Confira abaixo as principais etapas da conquista espacial chinesa:

Chamado de Mao

Em 1957, a União Soviética colocou em órbita terrestre o primeiro satélite feito pelo homem, o Sputnik. O fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, fez então um apelo a seus cidadãos: "Nós também fabricaremos satélites!".

A primeira etapa se concretizou em 1970. A China lançou seu primeiro satélite, Dongfanghong-1 ("Oriente Vermelho-1", nome de uma canção à glória de Mao), com a ajuda do foguete "Longa Marcha", nome que lembra a jornada do Exército Vermelho que permitiu ao presidente se estabelecer como líder do Partido Comunista Chinês (PCC).

Primeiro homem

Foi apenas em 2003, porém, que o gigante asiático enviou o primeiro chinês ao espaço, o astronauta Yang Liwei, que deu a volta à Terra 14 vezes em 21 horas.

Com este voo, a China se tornou o terceiro país, depois de União Soviética e Estados Unidos, a enviar um ser humano ao espaço por seus próprios meios. Desde então, realiza regularmente missões espaciais tripuladas.

Módulos e coelho

A China foi deliberadamente excluída do programa da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), que começou a operar em 2000 e associa americanos, russos, europeus, japoneses e canadenses.

Por este motivo, decidiu construir sua própria estação.

Para isso, o país lançou primeiro um pequeno módulo espacial, o Tiangong-1 ("Palácio Celestial 1"), colocado em órbita em setembro de 2011. Foi usado para treinamento de astronautas e experimentos médicos.

O Tiangong-1 encerrou suas operações em março de 2016. O laboratório era considerado uma fase preliminar na construção de uma estação espacial.

Outro marco importante aconteceu em 2013: o pouso do pequeno robô teleguiado "Coelho de Jade", responsável por tirar fotos, por exemplo.

Ele teve problemas técnicos no início, mas foi reativado e explorou a superfície lunar por 31 meses, muito mais do que sua expectativa de vida útil.

Em 2016, a China lançou seu segundo módulo espacial, Tiangong-2. Os astronautas realizaram, entre outras manobras, acoplamentos técnicos.

Lua e GPS chinês

O programa espacial chinês teve um fracasso no verão de 2017 com o lançamento frustrado do Longa Marcha 5. O foguete é crucial, porque permite propulsar as cargas pesadas necessárias para algumas missões.

Este revés levou ao adiamento por três anos da missão Chang'e 5, de exploração da Lua com um robô. Ela acabou sendo realizada em novembro e dezembro de 2020.

Chang'e 5 - Chang'e é a deusa chinesa da Lua - alcançou seu objetivo de trazer à Terra amostras do satélite, o que não acontecia há 40 anos.

A China conseguiu um feito em janeiro de 2019: a aterrissagem de um robô controlado remotamente (o "Coelho de Jade 2") no lado oculto da Lua.

Em junho de 2020, o país lançou o último satélite que completa seu sistema de navegação Beidou (concorrente do GPS americano).

Marte... e Júpiter

Em julho de 2020, a China enviou a Marte a sonda "Tianwen-1", que transportava um robô com rodas teleguiado chamado Zhurong. O equipamento chegou à superfície do Planeta Vermelho em maio.

Os cientistas mencionaram o sonho de enviar astronautas a Marte em um futuro distante.

Na semana passada, o secretário-geral da Agência Espacial Chinesa, Xu Honglian, mencionou inclusive uma missão a Júpiter em 2030.

Estação espacial

A construção da primeira Estação Espacial Chinesa (CSS, na sigla em inglês) começou em abril, quando seu módulo central entrou em órbita.

Três astronautas se acoplaram ao módulo nesta quinta-feira (17) para uma missão de três meses, um recorde de permanência no espaço para o país.

Para completar a construção da estação, chamada Tiangong, "Palácio Celestial" em chinês, serão necessárias várias missões para transportar o material.

Uma vez concluída, a estação deve permanecer em órbita, a entre 400 e 450 quilômetros da superfície terrestre por dez anos. A princípio, a China não pretende usar sua estação espacial para cooperação internacional (como acontece na ISS), mas as autoridades se declararam abertas a colaborar com outros países.

O custo da estação espacial não foi divulgado oficialmente.