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Falta de neve fresca escurece Groenlândia e acelera seu aquecimento, segundo estudo

17/05/2021 19h28

Washington, 17 Mai 2021 (AFP) - A redução das tempestades com acréscimo de neve fresca fez com que a Groenlândia escurecesse, uma rápida mudança de tonalidade que tem suas consequências: existindo menos branco há um menor reflexo de luz solar, o que acelera seu aquecimento, segundo um novo estudo publicado nesta segunda-feira (17).

A superfície da capa de gelo da Groenlândia aqueceu ao menos 2,7° C desde 1982, acelerando seu derretimento, destaca o trabalho publicado na revista especializada Geophysical Research Letters.

Há várias décadas observações de satélite mostram que a proporção da luz refletida pela neve, conhecida como albedo, vem diminuindo. A Groenlândia está ficando mais escura e, portanto, mais quente.

No entanto, a razão para esse escurecimento permanece um mistério: é causado por partículas que absorvem luz (como a fuligem da combustão de combustível fóssil) na neve ou por outro motivo?

Para responder, pesquisadores da Universidade de Darmouth viajaram centenas de quilômetros na Groenlândia para realizar duas etapas de amostragem durante os verões de 2016 e 2017.

O tamanho dos flocos de neve no solo, a maneira como refletem a luz e as impurezas da neve foram medidos em dezenas de locais.

Os cientistas concluíram que a poluição não pode ser responsabilizada: "É uma das neves mais limpas do mundo", ressaltou Gabriel Lewis, um dos principais autores do estudo, em um comunicado.

Segundo eles, o problema se deve a outra causa: o reforço de um fenômeno climático denominado bloqueio atmosférico, que pode afetar de forma estacionária certas regiões da Groenlândia por semanas e com isso reduziu o número de nevascas essenciais.

"Quando (a neve) cai e permanece na superfície, ao sol, ela muda de formato e os flocos ficam maiores", explicou Lewis.

"Já em algumas horas, e depois ao longo dos dias, essa redução na refletividade ocorre, e é por isso que a neve fresca é tão importante", acrescentou Erich Osterberg, professor associado em Dartmouth e principal pesquisador deste estudo.

O mesmo fenômeno climático também resulta na permanência de ar mais quente nessas regiões por mais tempo, assim como na redução da cobertura de nuvens. Como a radiação solar é menos filtrada, a transformação dos flocos de neve no solo ocorre de forma ainda mais acelerada.

"É como um golpe triplo", concluiu Erich Osterberg.

"Tudo isso está ajudando a Groenlândia a derreter cada vez mais rápido", alertou.

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