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Após bloqueio notícias no Facebook, Austrália negocia com Zuckerberg

Primeiro-ministro Scott Morrison afirmou que a Austrália não pretende se curvar às "ameaças" - Dawid Soko?owski/ Unsplash
Primeiro-ministro Scott Morrison afirmou que a Austrália não pretende se curvar às "ameaças" Imagem: Dawid Soko?owski/ Unsplash

Em Sydney

19/02/2021 09h05

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, conversou nesta sexta-feira (19) com representantes do governo australiano sobre o projeto de lei que pretende obrigar os gigantes da tecnologia a pagar a imprensa pelo uso de seus conteúdos.

O primeiro-ministro Scott Morrison afirmou que a Austrália não pretende se curvar às "ameaças".

Desde quinta-feira, os australianos não conseguem publicar links que levam a artigos de notícias, nem consultar as páginas no Facebook dos veículos de comunicação locais, que não podem compartilhar seus conteúdos.

O ministro australiano das Finanças, Josh Frydenberg, informou que conversou com Mark Zuckerberg nesta sexta-feira. As negociações prosseguirão no fim de semana.

"Nós falamos sobre assuntos que persistem e concordamos que nossas respectivas equipes devem analisá-los imediatamente", afirmou Frydenberg no Twitter.

O primeiro-ministro australiano disse em uma entrevista coletiva em Sydney que o bloqueio do Facebook é uma "ameaça".

Morrison afirmou que esta não é uma boa decisão e fez um apelo para que o Facebook "avance rapidamente" e "retorne à mesa".

O bloqueio é uma resposta ao projeto de lei do governo australiano que pretende obrigar o Facebook e o Google a remunerarem os meios de comunicação australianos pela publicação de suas notícias.

Para o primeiro-ministro, este projeto de lei, que será debatido na segunda-feira no Senado, está sendo observado por muitos governos no mundo.

Na quinta-feira, ele disse que conversou por telefone com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

"Isto desperta muito interesse", destacou.

O Facebook permanece firme em sua posição, pois considera que a lei é inaplicável e que a rede social não tem outra alternativa exceto impor as restrições.

Desde que foram impostas na quinta-feira, os números de pessoas que consultam os sites da mídia australiana caíram no país e no exterior, com redução de mais de 20% por dia, segundo a empresa que analisa os dados Chartbeat.

Mas os internautas não parecem ter trocado o Facebook pelo Google, que não registrou um aumento de tráfego significativo.

O bloqueio provocou a revolta de Camberra, pois afetou várias páginas do Facebook oficiais de serviços de emergência. A maioria voltou a funcionar depois de algumas horas.

O Google também havia ameaçado suspender sua ferramenta de busca na Austrália antes de recuar na quarta-feira, quando alcançou um acordo para pagar "quantias significativas" pelas notícias do grupo de imprensa News Corp., do empresário Rupert Murdoch.