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Ceres: brilho em cratera gigante indica oceano subterrâneo em planeta-anão

ESO
Imagem: ESO

10/08/2020 14h23

O planeta anão Ceres, que permanece um mistério para os cientistas, pode ser um "mundo oceânico" sob a superfície, de acordo com uma série de estudos publicados nesta segunda-feira (10).

Desde a sua descoberta em 1801, Ceres foi considerado sucessivamente como um planeta, depois um asteroide e agora um planeta anão.

Mas, independentemente do nome, nunca deixou de intrigar os cientistas.

Em 2015, após uma jornada de sete anos e meio, a sonda norte-americana Dawn orbitou este corpo em órbita entre Marte e Júpiter.

Com um diâmetro de cerca de 950 km, Ceres representa o maior objeto no cinturão de asteroides e leva 4,61 anos terrestres para circundar o sol.

No final de 2018, a sonda Dawn, com problemas de energia, parou de transmitir, mas os pesquisadores ainda estão analisando as imagens e os dados que coletou, descritos nesta segunda-feira em sete estudos publicados nas revistas Nature Astronomy, Nature Geoscience e Nature Communications.

Um dos famosos mistérios de Ceres é a presença de mais de 130 zonas luminosas na superfície, a maioria associada a crateras de impacto.

E é que em sua fase final, Dawn orbitou a apenas 35 km de Ceres, focando-se na Occator, uma das crateras de 20 milhões de anos.

Segundo os autores de um dos estudos, liderado por Carol Raymond, do California Institute of Technology, nos Estados Unidos, um grande reservatório de salmoura, uma solução aquosa saturada de sal, estaria escondido sob a cratera.

Em outro artigo, Maria Cristina De Sanctis, do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália, e seus colegas apontam a presença de cloreto de sódio hidratado na maior área brilhante da cratera Occator.

Para Maria Cristina De Sanctis, "estes resultados revelam que existe água em estado líquido sob a superfície do planeta" e que Ceres é uma "espécie de mundo oceânico, como algumas luas de Saturno e Júpiter".

"O material encontrado em Ceres é muito importante em termos de astrobiologia", pois "sabemos que esses minerais são todos essenciais para o surgimento da vida", disse à AFP.