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China anuncia lançamento de novo foguete com nave espacial

O foguete "Chongqing Liangjiang Star", desenvolvido pela empresa privada chinesa OneSpace Technology, decola de uma plataforma de lançamento em um local não revelado no noroeste da China em 17 de maio de 2018  - Wan Nan/Chongqing Ribao via REUTERS
O foguete "Chongqing Liangjiang Star", desenvolvido pela empresa privada chinesa OneSpace Technology, decola de uma plataforma de lançamento em um local não revelado no noroeste da China em 17 de maio de 2018 Imagem: Wan Nan/Chongqing Ribao via REUTERS

Da AFP, em Pequim

05/05/2020 13h51

A China anunciou nesta terça-feira (5) o lançamento de uma nova nave espacial, um passo crucial para transportar tripulantes à futura estação espacial chinesa e à Lua.

Em seu primeiro voo, o foguete Longa Marcha 5B decolou da base de Wenchang, na ilha de Hainan (sul), com a nova nave - sem tripulantes - e alcançou a órbita prevista, afirmou a agência de notícias Xinhua.

A nave foi colocada na órbita desejada após oito minutos de voo, de acordo com a mesma fonte.

O retorno à Terra está marcado para sexta-feira, após uma série de testes, disse Ji Qiming, da agência espacial chinesa, em entrevista coletiva.

O chefe do centro de controle da missão, Zhang Xueyu, afirmou que o lançamento "fortaleceu a confiança e a determinação" para as próximas etapas do programa espacial chinês.

A nave foi projetada para transportar tripulantes à futura estação espacial chinesa e à Lua.

"Este voo é uma etapa importante do programa espacial chinês", afirmou Chen Lan, analista independente do site Gotaikonauts.com.

Desde 1999, a China já lançou várias naves "Shenzhu", construídas com base no modelo das "Soyuz" soviéticas e depois russas.

O novo veículo espacial chinês é considerado mais seguro e com maior resistência ao calor para a reentrada na atmosfera. Além disso, é mais longo (8,8 metros) e mais pesado (21,6 toneladas).

Como também é parcialmente reutilizável, abre novos horizontes para o programa espacial tripulado chinês.

"Tudo depende das ambições do programa espacial chinês, mas as missões além da Lua serão possíveis", declarou Carter Palmer, especialista em questões espaciais da empresa americana Forecast International.

Ir muito longe no espaço requer duas coisas principais: muita velocidade para se afastar das forças gravitacionais e uma proteção melhor contra temperaturas extremas, características que, a princípio, devem beneficiar esta nave.

A atual missão deve testar, entre outras coisas, seu escudo térmico e a capacidade para entrar na atmosfera.

A futura estação espacial chinesa (CSS), denominada Tiangong ("Palácio celeste" em mandarim), terá três partes: um módulo principal de quase 17 metros de comprimento (área de convivência e de trabalho) e dois módulos anexos (para experimentos científicos).

A montagem no espaço deve começar este ano, graças ao novo foguete Longa Marcha 5B, e terminará em 2022.

O foguete Longa Marcha 5B é outra novidade da missão desta terça-feira. Com um diâmetro de 5 metros, 849 toneladas de peso e 54 metros de comprimento, pode enviar ao espaço cargas de 22 toneladas. Será utilizado para lançar diferentes partes da futura estação espacial.

O êxito desta terça-feira tranquiliza os coordenadores do programa espacial chinês, após os fracassos do lançamento de um satélite indonésio (em abril) e do foguete Longa Marcha 7 (em março).

A China, que está investindo bilhões de euros em seu programa espacial, colocou vários satélites em órbita - por conta própria, ou em parceria com outros países.

No início de 2019, o país se tornou a primeira nação a pousar uma sonda no lado oculto da Lua.

Mas os chineses estão no mesmo nível dos americanos?

"A China alcançou os Estados Unidos em algumas áreas espaciais, como a observação da Terra e a navegação", destaca Chen Lan.

"Mas sempre há grandes diferenças na exploração do espaço e dos voos tripulados", completa o analista, para quem os Estados Unidos continuam sendo "a principal potência espacial".

Dentro de alguns meses, o país deve lançar uma sonda com destino a Marte, planeta ao qual também espera enviar uma missão tripulada dentro de dez anos.