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Coronavírus começou a se expandir por Nova York em fevereiro, após chegar da Europa

08/04/2020 18h33

Washington, 8 Abr 2020 (AFP) - O novo coronavírus começou a se expandir por Nova York em fevereiro, antes do início dos testes de detecção em massa, e as cepas identificadas até o momento em nível local chegaram da Europa, indicou uma fonte científica nesta quarta-feira.

Adriana Heguy, geneticista da NYU Grossman School of Medicine que liderou a pesquisa, explicou à AFP que entender a rede de transmissão do vírus irá ajudar os dirigentes a realizar intervenções sociais melhores no futuro.

"É muito interessante ver que, até agora, a maioria parece proceder da Europa, e acredito que isto se deva, em parte, ao fato de os esforços terem se concentrado em conter os voos da China", indicou.

As descobertas da pesquisa podem explicar a avalanche de casos de uma pneumonia misteriosa que médicos de Nova York trataram antes do início da onda de testes de detecção da Covid-19 na cidade", disse Adriana.

A cientista e sua equipe determinaram o sequenciamento viral de 75 amostras colhidas das fossas nasais de pacientes dos hospitais Tisch, NYU Winthrop e NYU Langone do Brooklyn.

Todos os organismos acabam sofrendo mutações com o tempo, mas os vírus ARN, como o novo coronavírus, introduzem erros em cada ciclo de sua reprodução. Por isso o vírus da gripe é tão distinto de uma temporada para a outra e precisa de novas vacinas.

Embora o coronavírus não pareça sofrer mutações tão rapidamente quanto o da gripe, há bastante mudanças para que os cientistas rastreiem sua origem. Para fazer isso, pesquisadores de Nova York incluíram as amostras que colheram em uma base de dados gerida pelo Global Initiative on Sharing All Influenza Data, projeto em que pesquisadores de todo o mundo compartilham dados sobre doenças como a Covid-19

O primeiro paciente que estudaram não havia viajado para o exterior. "Pelas mudanças específicas que seu vírus sofreu, podemos dizer, com alto grau de probabilidade, que veio da Inglaterra", indicou Adriana.

Além do interesse científico em entender as redes de contágio, pode haver aplicações clínicas como resultado da coleta de mais dados. Os cientistas poderiam entender, por exemplo, se determinadas cepas provocam formas mais ou menos graves da doença, o que poderia levar a tratamentos adaptados a cada tipo de cepa.

A equipe está na primeira etapa de seu projeto, mas espera sequenciar, em breve, cerca de 200 amostras por semana, a fim de proporcionar milhares de genomas úteis para a pesquisa sobre o coronavírus.

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