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UE combina ambição climática e crescimento em seu "Pacto Verde"

11/12/2019 12h24

Bruxelas, 11 dez 2019 (AFP) - A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu nesta quarta-feira para o "custo da inação" na luta contra as mudanças climáticas, ao apresentar seu "Pacto Verde", a "nova estratégia de crescimento" para o bloco.

"Alguns dizem que o custo dessa transformação [verde] é muito alto. Nunca devemos esquecer qual seria o custo da inação", disse Von der Leyen à Eurocâmara, usando desastres naturais como secas e inundações como exemplo.

O principal objetivo do "Pacto Verde", uma das prioridades da nova Comissão para os próximos anos, é alcançar a neutralidade do carbono até 2050, através da criação de métodos para absorver possíveis reduções de emissões de CO2 na Europa.

O clima tem ocupado o centro das atenções na agenda. Em Madri, a comunidade internacional debate como intensificar sua resposta ao aquecimento global e, em novembro, os eurodeputados declararam a "emergência climática".

No entanto, em uma União Europeia institucionalmente complexa, essa visão não alcança a unanimidade dos países do bloco reunidos no Conselho Europeu, que, em uma cúpula na quinta e sexta-feira em Bruxelas, tentará novamente confirmar essa ambição.

A tarefa é enorme. As ações previstas neste "Pacto Verde" para combater as mudanças climáticas incluem áreas como transporte, energia, poluição, agricultura, indústria e modos de consumo, entre outras.

A chefe da Comissão, que assumiu o cargo em 1º de dezembro, ressaltou que o acordo transformará o estilo de vida, de consumo e de trabalho, mas também deve proteger aqueles que são mais afetados pelas mudanças.

O plano de descarbonização da economia europeia pode, entretanto, aumentar os temores sobre a situação social e trabalhista em vários países europeus, já confrontados com a preocupação com a globalização e a digitalização.

O chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, para quem seria "importante" o apoio unânime na quinta-feira dos líderes europeus ao objetivo de 2050, deve levar em conta as "consequências sociais", "capacidades de investimento".

"Nem todos os [países] europeus têm a mesma situação de saída econômica e em relação à ambição climática", acrescentou Michel, que deve desativar os temores de líderes de países como Polônia e Hungria, mais dependentes de energias fósseis.

- "Transição justa" -Von der Leyen propõe, assim, a criação de um mecanismo de "transição justa" que permita a mobilização de fundos públicos e privados de até 100 bilhões de euros entre 2021-2027.

O pilar do "Pacto Verde" será uma grande "lei climática" para definir a data de 2050 para alcançar a neutralidade de carbono na UE, que será apresentada em março.

A Comissão também deseja metas de redução de emissões de gases de efeito estufa mais ambiciosas até 2030 e, portanto, defende a redução de 40% atualmente definida para 50% ou até 55%.

Outro dos projetos planejados é estender o Sistema de Comércio de Direito de Emissões para o setor marítimo altamente poluente.

Sua estratégia "do campo à mesa", planejada para o início de 2020, visa promover uma agricultura sustentável e de qualidade.

O "mecanismo de ajuste de fronteiras" planejado para 2021 quer a imposição de produtos importados ao bloco de países com padrões menos rigorosos sobre emissões de poluentes, para não penalizar a indústria europeia.

A ambição ambiental de Ursula von der Leyen dependerá muito do dinheiro que a UE deseja dedicar e que ainda é desconhecido, quando os países discutirem o próximo orçamento para 2021-2027.

tjc-mla/mar/cc