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Revolução de Veludo, a transição suave do comunismo para a democracia

15/11/2019 08h28

Praga, 15 Nov 2019 (AFP) - Há 30 anos, a Revolução de Veludo conseguiu derrubar de forma pacífica o regime comunista na Checoslováquia e abrir caminho para reformas econômicas e democráticas no que então era um país satélite da União Soviética.

A seguir, os principais acontecimentos na ocasião:

- Cassetetes e blindados -A polícia da Checoslováquia dissolve brutalmente, em 17 de novembro de 1989, uma marcha estudantil organizada em Praga pelos jovens comunistas para comemorar o 50º aniversário de manifestações estudantis contra a ocupação nazista do país.

O Batalhão de Choque interrompe a marcha, a algumas centenas de metros da Praça Wenceslas, declarando provisoriamente uma área proibida para estudantes.

A repressão liderada por cerca de 1.600 policiais armados com cassetetes e apoiados por veículos blindados deixa 600 feridos entre os 10.000 participantes.

- Libertação de prisioneiros -Estudantes e atores de todo país declaram greve no dia seguinte, enquanto personalidades da oposição, juntamente com o dramaturgo dissidente Vaclav Havel, fundam o Fórum Cívico em Praga, o primeiro partido de oposição do país.

Na parte eslovaca do país, a oposição funda a Sociedade contra a Violência (VPN). Seu chefe, Peter Zajac, reúne-se com Vaclav Havel em Praga, em 21 de novembro, na primeira reunião de oponentes de ambos os lados da Federação da Checoslováquia.

As primeiras libertações de presos políticos acontecem, e o Fórum Cívico abre negociações com o Partido Comunista. As negociações são infrutíferas, enquanto centenas de milhares de pessoas continuam a se concentrar regularmente na Checoslováquia.

- Presidente dissidente -Uma greve geral de duas horas precipita os eventos em 27 de novembro. No dia seguinte, os comunistas deixam o poder.

Após negociações prolongadas, em 10 de dezembro emerge um governo de consenso nacional, no qual os comunistas são minoria.

Em 28 de dezembro, o Parlamento da Checoslováquia se reúne, renovado com novos deputados após a renúncia de vários comunistas.

Alexander Dubcek, líder comunista da Primavera de Praga de 1968, esmagada pelos tanques do Pacto de Varsóvia, torna-se o presidente da nova assembleia. Vaclav Havel se torna o presidente do país no dia seguinte.

- Onda revolucionária -Os eventos na Checoslováquia fazem parte do colapso do comunismo nos países satélites da ex-URSS que passam para um sistema democrático, em parte graças à política da Perestroika (transformação) promovida pelo líder soviético Mikhail Gorbachev e às pressões exercidas pelos Estados Unidos sob a liderança do presidente Ronald Reagan.

A Polônia abre caminho realizando eleições livres em junho de 1989. A ela, segue-se rapidamente a onda democratizante da Hungria, em julho deste mesmo ano.

O Pacto de Varsóvia, a aliança militar controlada por Moscou, afunda rapidamente.

O próximo regime totalitário a cair é a Alemanha Oriental, cujos habitantes aproveitam a liberalização na vizinha Hungria para fugir para o outro lado do muro, ou para a Checolosváquia, para pedir asilo na embaixada da Alemanha Ocidental.

O Muro de Berlim cai em 9 de novembro.

O regime comunista na Bulgária começa a afundar após a brutal repressão de uma concentração popular em 26 de outubro.

A Romênia vive a revolução mais sangrenta, com mais de 1.100 mortos durante a insurreição popular que acaba na prisão e com a execução do ditador Nicolae Ceausescu e de sua esposa, em dezembro de 1989.

- Divórcio amistoso -A Checoslováquia lança amplas reformas políticas, sociais e econômicas, incluindo a privatização por meio da emissão de títulos. Com essa medida, todos os cidadãos recebem ações quase gratuitas de empresas públicas.

As diferenças políticas acabam levando os líderes das duas partes da República a negociar uma divisão, porém, formando a República Checa e a Eslováquia. A mudança entra em vigor em 1º de janeiro de 1993.

A República Checa se une à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em 1999, e à União Europeia (UE), em 2004. A Eslováquia se une à Aliança Atlântica; à UE, em 2004; e ao euro, em 2009.

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